Andrea Alves
Um dos últimos trabalhos de Cassiano
Moraes foi o show AMARéLEI, que marcou a sua volta aos palcos depois de
10 anos de afastamento - Por: Arquivo JCS
Faleceu neste domingo (19) em Sorocaba o cantor Cassiano Moraes, que deixa, mais que uma contribuição para a música na cidade, uma boa lembrança para quem o conheceu e se sentiu tocado por seu jeito alegre e generoso quando se tratava de ampliar os alcances da música. O corpo é velado na Ossel da Vila Assis e será enterrado nesta segunda-feira (20), às 9h30, no cemitério Pax.
Cassiano Moraes nasceu em Salvador, em 20 de março de 1955. Mudou-se para Sorocaba aos 8 anos de idade. Foi conquistando espaço como cantor ao participar de inúmeros festivais. Seu nome ficou conhecido como representante da MPB na cidade, tocando e frequentando os espaços sorocabanos dedicados à música brasileira. Marcavam seu estilo os sambas, os reggaes e os ritmos mais suingados.
Foi também figura presente nos carnavais de rua da cidade e chegou a compor para escolas de samba. Entre suas composições, uma delas era dedicada ao curandeiro João de Camargo. Nas redes sociais, onde o cantor foi homenageado durante todo o domingo, alguns cantores da cidade lembraram de quando Cassiano participou do show Noites Felizes, no Natal de 1996, no auditório do Senac.
Momento marcante foi quando lançou o disco "É Ouro, meu Rei", no final da década de 90, disse Rosângela Alves, presidente do Centro Cultural Quilombinho. "Esse disco teve a participação do Coral das Mulheres Negras do Momunes (Movimento da Mulheres Negras de Sorocaba). Cassiano foi o primeiro a se entusiasmar com esse coral, do qual eu era regente na época". Numa seleção feita por integrantes do Quilombinho, Cassiano figura entre os 50 negros da cidade que valorizam tanto a cultura negra quanto a história sorocabana.
"Resolvemos gravar depoimentos com essas pessoas, para que elas contem sua história de vida. Cassiano gravou a sua, o seu depoimento há 25 dias. Foi um jeito de homenageá-lo, de agradecer por tanta colaboração que teve com o Quilombinho desde o início. É do filho dele o desenho que estampa nosso centro cultural". Segundo Rosângela, a exibição desse projeto está prevista para acontecer no próximo dia 29, na Fundec. "Ele tinha uma consideração especial pelas crianças do Quilombinho. Sei que ele vai estar com a gente nessa noite", comentou.
Entusiasmo
O cantor lutava há muito tempo contra problemas do coração, ainda assim estava ativo. Em junho, Cassiano participou da Rio+20 - Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável e do lançamento da música "Poiato Recicla", de uma ong voltada a preservação ambiental. E tinha gravado um projeto piloto chamado "Canta Região", que iria ao ar pela TV Votorantim, informou Werinton Kermes, fotógrafo, video-documentarista e responsável pela TV Comunitária Votorantim.
"Ele entrevistaria cantores da nossa região e daria um espaço para eles mostrarem suas músicas. Estava prestes a lançar", lamentou, dizendo ser muito difícil nesse momento pensar no espaço vazio deixado com sua ausência. Estusiamado é a palavra usada por ele para descrever a pessoa do bem que era Cassiano Moraes, querido por quem o conhecia graças a sua alegria e sua generosidade. "Ele era solícito em todos os projetos. Um apaixonado pela arte, pela vida. Pessoa especial, principalmente nesse momento em que tanta gente vê a arte somente como produto mercadológico".
Antes desses projetos, um dos últimos trabalhos de Cassiano Moraes foi o show "AMARéLEI", também nome do single lançado naquele ano, que marcava sua volta aos palcos depois de 10 anos de afastamento. Esse trabalho, apresentado no Sesi em outubro do ano passado, refletia - entre as influências do blues, do sambarock, do funk e da música brasileira da década de 70 em sua carreira - sua luta contra os problemas de saúde. Em entrevista ao repórter José Antônio Rosa, para o Jornal Cruzeiro do Sul, quando o cantor comentou que estava em fase mais "branda" da sua carreira, ele ressaltou: "certas experiência nos ajudam amadurecer. Depois de refletir, entendi que estava pronto para voltar".
Olímpia Godinho, esposa de Cassiano, também ressaltou que ele estava com novos projetos, novas ideias. Um incansável para a arte e para a cidade. Há 12 dias, porém, ficou muito doente e faleceu neste domingo, aos 57 anos, às 10h. Cassiano deixou dois filhos, Roque, de 26 e, Raul, de 15 anos.

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