sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Votorantim avança na desfavelização

 Jornal Bom Dia
Fernanda Ikedo

 Cidade vizinha a Sorocaba realiza um dos maiores projetos habitacionais do Estado voltado a 900 famílias
 

Com verba do governo federal de R$ 51.640 milhões, sendo R$ 3 milhões do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e o restante do Minha Casa, Minha Vida, Votorantim já entrou na fase de remoção das famílias das áreas verdes, nos bairros onde serão construídos 900 apartamentos.

A secretária municipal de Cidadania e de Geração de Renda, Ivone Batista Nunes, explica que em 2009 foi feito um levantamento daqueles que moram em  áreas verdes da cidade, com anotação dos dados de cada família e numeração dos barracos.

Depois disso, os casos foram  analisados para saber quem tem direito ao apartamento. “Naquele ano o responsável pela família assinou um documento dizendo que não poderia vender ou ampliar o barraco para não perder o direito ao imóvel que será construído.”

Os 900 apartamentos, de 42 metros quadrados cada, serão destinados às famílias cadastradas de 34 áreas verdes, mas somente aqueles que moram nos bairros Itapeva e Vila Garcia precisarão ser retirados nesta primeira fase do programa batizado de “Votorantim Sem Favelas”.
Num primeiro momento a remoção será  em 20 barracos da rua Jorge Winkler para a construção de unidades da Vila Pedroso I. Somente nesta área serão erguidos três blocos com 20 apartamentos.

Ainda de acordo com Ivete, na sequência será realizada a remoção de 43 famílias, do bairro Vila Garcia 2, com acesso pela rua Isabel Ferreira Coelho e,  posteriormente, a retirada daqueles que residem na área onde será construída as unidades para as famílias do Vila Garcia 1, localizado na avenida 27 de Março. O trabalho de remoção será concluído com a retirada de 81 famílias do Votocel, onde serão construídas mais 260 unidades.

Com a retirada das famílias dessas áreas, os barracos de madeira estão sendo demolidos e, no local, serão realizados os serviços de terraplanagem.

Segundo a secretaria de Cidadania de Votorantim, serão removidas um total de 145 famílias, parte delas foram para casa de parentes e outras alugaram imóveis por meio de subsídios, como o aluguel social, de acordo com o projeto de desfavelamento da cidade.

De alvenaria

  O prefeito de Votorantim, Carlos Augusto Pivetta (PT), contou que chegaram a ser feitas comissões de moradores das áreas verdes para a visita a  prédios de outras construtoras. “Para mostrar que o que se está construindo é coisa boa, com boa estrutura e material que  deixa para trás muitos empreendimentos que estão sendo vendidos na faixa de R$ 100 mil.”

Pivetta esclarece ainda que os beneficiários do programa habitacional seguem critérios rígidos do município e também da Caixa. Entre eles: ter renda familiar de até R$ 1.200, ter sido cadastrado em 2009 pela Secretaria da Cidadania e não ter participado de outro programa de habitação.

Os cem primeiros

  O contrato para a construção de 900 unidades no município já foi assinado pela prefeitura. O primeiro a ser atendido é o denominado Vila Pedroso 3, onde os serviços de fundação dos cinco blocos estão na fase de conclusão. Desde o mês passado a empresa responsável pelas obras está realizando a fase de montagem das formas para a concretagem dos quatro primeiros apartamentos, ou seja, do andar térreo do primeiro bloco.

Na região do Itapeva serão construídos ainda as unidades da Vila Pedroso 1 e 2, totalizando 320 apartamentos. Na Vila Garcia, são mais duas etapas – os Vila Garcia 1 e 2 – com 160 unidades cada e no Votocel mais 260.

Expectativa para a casa própria é grande
Moradoras que já foram removidas recebem o subsídio do aluguel social, no valor de R$ 300, e aguardam para se mudar de forma definitiva
A viúva Rosemeire Soares Pereira, 40 anos, diz que é difícil controlar a ansiedade para, finalmente, “se sentir em casa”. Ela é uma das beneficiárias do projeto “Votorantim sem Favelas” e conta  que será a primeira vez que terá um imóvel em seu nome.

Rosemeire morava, há 20 anos, com os quatro filhos no bairro Itapeva, num barraco de madeira que tinha sala, cozinha e três quartos, além de luz e água encanada.

Há um mês, ela foi uma das removidas da área e mudou-se para o fundo da casa de uma amiga, no bairro São Lucas.
Rosemeire diz que quando começar a receber o subsídio do aluguel social vai repassar à  amiga por ela ter abrigado sua família.

Outra família que já foi removida é a da desempregada Viviane Aparecida Leite, 35. Ela conta que vivia no barraco da rua Isabel Ferreira Coelho, na Vila Garcia, há cinco anos, e que mudou-se para lá depois que o marido ficou desempregado. “Antes disso, a gente pagava aluguel numa casa no Bairro dos Morros, em Sorocaba”, comenta.
Com o subsídio social ela conseguiu alugar uma casa na própria Vila Garcia, onde está com o marido e os três filhos (gêmeos de 7 anos e um de menino 8).

Os demais moradores das áreas verdes da Vila Garcia tinham até  30 do  mês passado para encontrarem outro local.

Áreas desocupadas

 A secretária de Cidadania e Geração de Renda de Votorantim, Ivete Batista Nunes,  conta que as áreas verdes desocupadas receberão toda a assistência da prefeitura para que não voltem a ser favelas. “A intenção, para o futuro desses locais, é que sejam feitos parques e outras áreas de lazer, como campo de futebol ou deixaremos disponíveis para a construção de escolas”, afirma.


Apartamento

O condomínio vertical será fechado por alambrados e terá guarita na entrada para segurança dos moradores. Cada apartamento terá  sala e cozinha conjugadas, dois quartos e banheiro.

Dificuldades

A secretária de Cidadania e Geração de Renda, Ivete Batista Nunes, avalia que a remoção da maioria das famílias será tranquila, “porque elas querem se mudar para um imóvel que ofereça condições boas e estrutura em alvenaria”, mas alerta que há uma minoria que pode vir a querer enfrentar a prefeitura. “Algumas pessoas,  depois de 2009, acabaram vendendo o barraco, mas agora querem ter o benefício e não tem”, conta.

Pagamento

As famílias beneficiárias pagarão o imóvel com 10% da  renda em até dez anos.

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