terça-feira, 27 de novembro de 2012

'ESPANTALHOS' - O amor entre seres feitos de resto

Notícia publicada na edição de 27/11/2012 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 1 do caderno C
Maíra Fernandes

Marcelo Domingues faz lançamento hoje de seu curta-metragem "Espantalhos"; exibição ocorre no Teatro do Sesc
 A fotografia e a direção de arte são destaques da produção - Por: Divulgação

 Produção tem duas propostas fundamentais: a beleza plástica e a magia do onírico - Por: Divulgação

 Quem for conferir a exibição hoje, poderá ver um vídeo com cenas de making of da produção - Por: Divulgação

Não há diálogos e, certamente, nem precisaria. Com o auxílio luxuoso de uma bela fotografia, direção de arte, e de uma inspirada trilha sonora, o curta-metragem "Espantalhos", de Marcelo Domingues, conversa com o espectador sem precisar de uma frase, ou mesmo um argumento convencional. Na produção que será apresentada ao público hoje, às 19h30, dentro do projeto Cine Café do Sesc Sorocaba, há duas propostas fundamentais: a beleza plástica e a magia do onírico, destaca Domingues, que escreveu o argumento do curta a partir de um sonho, onde espantalhos dançavam. "Partindo desse elemento onírico, desenvolvi o argumento envolvendo vida, paixão e morte entre seres feitos de restos. Procurei escrever algo simples, mas poético", explica Domingues, que contou com uma equipe de aproximadamente 20 pessoas, entre alunos do Núcleo de Audiovisual de Votorantim e profissionais como o diretor de fotografia Ricardo Camargo, o artista plástico Adriano Gianolla e os atores Rivaldo Nogueira e Camila Cattai. Esses últimos, responsáveis em dar vida (literalmente), ao casal de espantalhos que protagonizam o filme.

O curta não tem a pretensão de passar uma mensagem. Como explica Domingues, a questão é a magia, a ficção, que tem como tema central o amor trágico entre dois espantalhos que despertam e tomam vida durante a noite. "Eu acho que é um filme mais ligado à poesia, ao imaginário fantástico... Fala de amor, de tragédia, de morte... Esse, para mim, é o tripé que forma esse lance bacana, pois estamos tratando de personagens feito de restos, não são humanos", argumenta o diretor. O curta é uma produção regional da Ampla em co-produção com a Camargo Produções e apoio do Núcleo Audiovisual da Secretaria de Cultura de Votorantim.

"Estava trabalhando com o Núcleo de Audiovisual e iríamos fazer um curta para finalizar o curso, mas o outro argumento ficou inviável. Como tinha a ideia desses espantalhos, que era mais simples, resolvemos fazê-lo como conclusão do curso. O que era para ser só uma conclusão de curso acabou ficando maior, um curta com uma produção independente, feito com equipamentos de ponta, foi uma grande experiência também para os alunos vivenciarem o fazer cinema", reforça Domingues, que assina o roteiro e a direção.

A gravação do curta teve início no fim do ano passado e foi concluído no meio deste ano. Dividida em cinco etapas, as gravações foram realizadas em locações na região: em um milharal em Araçoiaba da Serra, no Carafá e Capela da Penha, em Votorantim, e no cemitério de trens em Iperó. "Pensamos na possibilidade de gravar em estúdio, pois teríamos mais controle de luz, mas no fim optamos por filmar em locações. Procuramos muitos milharais, mas queríamos um com aquela perspectiva de visão, numa região mais alta, e encontramos em Araçoiaba da Serra", conta Domingues.

As cenas em Votorantim, no bairro Carafá, também faziam parte dos planos do diretor há tempos, e o outro endereço, no cemitério de trens, acabou rendendo imagens extras e até um presente para a equipe. Depois de meses tentando saber a data e o horário da passagem de um trem para a gravação, resolveram ir até Iperó e gravar no local mesmo, usando os trens parados para a cena. Porém, enquanto gravavam, ouviram o apito do trem e descobriram que, em poucos minutos passaria outro. "Foi de presente o trem passando", fala Domingues. Outro "presente" para o filme também foi registrado no mesmo local, com a descoberta de um esqueleto de cavalo. "Lá tem muitos corpos de animais mortos, imagina achar um parecendo um fóssil conservado? Nunca ninguém mexeu, parece que ele está galopando, então incorporamos ele ao curta, a cena dele vem antes da morte da espantalha, e depois de um dia feliz, a noite é fechada com um mau presságio", adianta.

Longa à vista

Feito sem o auxílio de verba, a produção independente deverá começar a rodar os festivais logo no início do ano. "Fazia tempo que eu não fazia um curta de ficção, o último foi em 2008, depois fiz alguns documentários, fotografias e edições, não tinha feito nada para mim, precisava rodar os festivais para fazer contato", defende o diretor. Aliás, a ideia com o curta era exatamente essa, a de voltar a frequentar os festivais, conferir as produções e conhecer pessoas, uma espécie de suporte para uma empreitada que começa também no próximo ano: a produção do seu primeiro longa-metragem. "Tenho como objetivo fazer meu primeiro longa, vou começar a pré dele em 2013, mas talvez não consiga rodar ainda no próximo ano. Será bem diferente de Espantalhos, tanto que os laboratórios serão em cima de Pier Paolo Pasolini, Glaúber Rocha e Lars Von Trier, pois o filme puxa elementos dos três diretores", fala Domingues, que com o novo projeto deverá trabalhar com os mesmo profissionais que o ajudaram com o curta.

Serviço

O lançamento do curta-metragem "Espantalhos" acontece no Teatro do Sesc, que fica na rua Barão de Piratininga, 555, hoje às 19h30. Além da exibição do curta, haverá um vídeo de making of da produção. Logo após, os integrantes da equipe participarão de um debate com o público. A entrada é gratuita e os convites devem ser retirados, preferencialmente, com antecedência. Link para o trailer do curta-metragem: https://vimeo.com/48634785.

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