domingo, 24 de fevereiro de 2013

Diminui a vulnerabilidade de jovens na região de Sorocaba

Jornal Cruzeiro do Sul
Rosimeire Silva

Levantamento foi realizado pelo Fórum Brasileiro da Segurança Pública (FBSP)


Luciano Frontelle é o articulador do Fórum Paulista da Juventude - Por: Emídio Marques/Arquivo JCS

Os municípios da região de Sorocaba, com população acima de 100 mil habitantes, reduziram a vulnerabilidade à violência da população jovem, com idade entre 12 e 29 anos. Levantamento realizado pelo Fórum Brasileiro da Segurança Pública (FBSP) sobre o Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência, com base nos base nos dados do Censo 2010, aponta que dos seis municípios que estão dentro dessa faixa populacional na região (Itapetininga, Itu, Salto, Sorocaba, Votorantim e Itapetininga) cinco avançaram no ranking das cidades com menor risco no comparativo a 2007. Apenas Itu apresentou aumento do índice no período.

O indicador tem como base as taxas de violência a que os jovens de 12 a 29 anos de idade estão expostos, como pobreza e desigualdade socioeconômica, frequência às escolas, acesso ao mercado de trabalho, além de homicídios e acidentes de trânsito. O levantamento do FBSP tem como base os dados apurados pela Fundação Seade, de São Paulo, no Índice de Vulnerabilidade Juvenil, e pelo Laboratório de Análise de Violência da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), no estudo do Índice de Homicídios de Adolescentes. O índice é medido em uma escala que varia de 0 (melhor resultado) a 1 (pior resultado), funcionando como um ranking inverso, na qual a pontuação mais elevada representa maior vulnerabilidade. Mas, para melhor visualização dos leitores, o Cruzeiro do Sul considerou a classificação a partir dos menores índices obtidos.

Por município

Salto consta no indicador divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, como a cidade da região com menor vulnerabilidade de jovens à violência (25ª posição), sendo que em 2007 ocupava a 81ª posição. Na sequência está Votorantim (38ª) que, em 2007, estava entre as 135 mais vulneráveis do país. Sorocaba passou da 64ª posição em 2007, para 45ª cidade com menor vulnerabilidade juvenil em 2010. Já Itu, única cidade da região com aumento no índice, subiu da 59ª posição para 73ª. Tatuí caiu da 90ª para a 78ª classificação e, Itapetininga, da 132ª para 111ª.

Para o professor de Sociologia da Universidade de Sorocaba (Uniso), Olavo Furtado, o resultado desse indicador demonstra que os jovens têm recebido uma maior atenção dos agentes públicos. Aliado às políticas públicas de atenção à essa faixa da população, ele afirma que o próprio mercado de trabalho também tem estado mais aberto a receber os jovens profissionais. "A redução dessa vulnerabilidade do jovem à violência é resultado de um conjunto de fatores que somados se refletem nessa melhoria dos índices apurados, mas é necessário que esse processo seja contínuo, já que a sua consolidação só acontece a médio e longo prazo", destaca.

Na avaliação do economista, o fato de Itu apresentar um aumento na vulnerabilidade dos jovens à violência requer uma análise mais clínica da realidade do município para que se observe onde está o gargalo que impulsionou este índice. Ele enfatiza que os estudos não podem ser vistos como algo negativo, mas sim fazer o papel do termômetro que aponta uma necessidade de intervenção nos pontos que devem ser melhorados. "Toda pesquisa é muito bem vinda, pois só assim é possível mapear os prós e contras referentes às áreas abordados e proceder uma intervenção pró-ativa".

Falta muito

Para o articulador do Fórum Paulista da Juventude, Luciano Frontelle, 22 anos, que durante quatro anos fez parte do Conselho da Juventude de Sorocaba, a redução da vulnerabilidade da juventude à violência é resultado de um movimento que se iniciou em 2005, com o desenvolvimento de políticas mais sérias voltadas à essa parcela da população. Especificamente em Sorocaba, ele diz que a criação da Secretaria Municipal da Juventude, que foi a primeira do Estado de São Paulo, foi um passo importante para o início de um trabalho mais sério de gestão para a inclusão do jovem na cidade.

Ainda assim, pondera Frontelle, os dados sobre o número de atos infracionais envolvendo jovens continuam crescendo na cidade nos últimos quatro anos, conforme demonstram as estatísticas divulgadas pela Delegacia da Juventude. "Esse fato mostra que a cidade ainda tem que evoluir muito no desenvolvimento de ações voltadas ao incentivo à educação, à cultura e também ao empreendedorismo, para que essa questão possa avançar a passos largos e não da forma vagarosa como tem ocorrido".

Ele cita que para uma cidade como Sorocaba, que tem mais de 157 mil jovens com idade de 15 a 29 anos, como demonstrou o Censo 2010, as ações voltadas a essa parcela da população ainda são tímidas. Na sua avaliação, com o anúncio do atual prefeito Antonio Carlos Pannunzio (PSDB) sobre o fim da Secretaria da Juventude, esse assunto tende a se tornar ainda mais preocupante. "Ainda é cedo para fazermos alguma avaliação sobre essa medida e como será a atuação da Coordenadoria da Juventude, mas essa pasta já trabalhava com um orçamento baixo, de R$ 1,5 milhão, agora não sabemos quais serão os investimentos dedicados aos programas voltados aos jovens", comenta. Ele afirma no dia 9 de março está marcada uma audiência pública para a discussão do assunto para que esse tema possa ser aprofundado. "Somente a partir de um debate público, com a participação dos jovens para apontarem as suas necessidades, e o compromisso do poder público em atender essas demandas é que poderemos avançar mais rapidamente para tirar a juventude dessa vulnerabilidade à violência", defende.

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