A emoção manifestada em choro, riso, gritos de alegria e palmas foi marcante durante a escolha dos 160 apartamentos dos conjuntos Vila Pedroso I e III por famílias beneficiadas na primeira fase do programa de desfavelamento de Votorantim, nesta sexta-feira (15). Após visita de reconhecimento nos empreendimentos e a escolha das unidades, os futuros moradores também fizeram vistorias em suas novas moradias acompanhados por funcionários da construtora responsável pela obra. Esta etapa, organizada pela Prefeitura de Votorantim e a Caixa Econômica Federal antecede a elaboração e assinatura dos contratos que acontecerá a partir do dia 6 de dezembro.
O prefeito Erinaldo Alves da Siva acompanhou as atividades e falou aos presentes sobre as ações habitacionais desenvolvidas pela atual administração visando proporcionar a conquista da casa própria a quem precisa e, num contexto mais amplo, a redução da desigualdade social. Erinaldo destacou que "a habitação digna é indispensável para o desenvolvimento de uma sociedade. Para vocês que sairão das áreas verdes e de seus barracos é a passagem para uma nova realidade onde viverão de forma digna como cidadãos respeitados". O superintendente regional da CEF, Ricardo Antônio Bortolini, também apontou a promoção da cidadania como a principal vocação dos programas habitacionais e recomendou que o momento não seja esquecido "A maior expressão da cidadania é a conquista da casa", salientou.
As 160 famílias atendidas residem em áreas verdes em bairros como a Vila Galli, Vila Pardini, Vila Pedroso, Santos Dumont e Domingos. Parte das sessenta famílias atendidas na Vila Pedroso I residia em barracos no próprio terreno onde foi instalado o empreendimento. É o caso da aposentada Maria Aparecida Seabra, de 52 anos, que está ansiosa para viver no novo apartamento com uma filha e uma jovem de criação. "Meu barraco ficava no final do terreno e pegava toda a enxurrada quando chovia. É a maior alegria do mundo saber que isso acabou", destacou dona Cida. Com a mudança, ela também comemora o fim do preconceito com o lugar onde mora, devido à discriminação da favela. "Agora não é mais barraco, tenho um apartamento", comemorou.
Fazendo planos
Para os futuros moradores, a oportunidade de conhecer o apartamento foi a realização de um sonho e momento de fazer novos planos. "Essa parede da sala vou pintar de roxo", decidiu Roseli Martins Semedese, de 38 anos, durante a visita. Emocionada, ela comentou que já viu aranhas e ratos perto das camas dos filhos e o apartamento é o início de uma "nova vida" com os cinco filhos que vivem com ela. "Gosto de tudo arrumado e limpo, mesmo morando na área verde. Aqui vai ser melhor ainda, vou ser muito feliz", comentou Roseli.
O ambiente limpo e seguro era citado pela maioria dos beneficiados. "Poder sair e dormir sem se preocupar com a chuva é o que eu mais quero", revelou Castorina Aparecida Toreli, de 47 anos, moradora em um barraco na Vila Galli há duas décadas. Com o mesmo desejo estavam a filha e o genro, Anchieli Aparecida Toreli e Ronaldo Dias Eugênio, ambos com 28 anos, ansiosos por poderem arrumar a o novo lar. "Penso em cozinhar e cuidar da casa, sem me preocupar com a chuva", contou Anchieli que é auxiliar de serviços gerais e tem três filhos, de 9, 7 e 2 anos.
Para organizar a escolha dos apartamentos, inicialmente foram sorteados os beneficiados idosos, como a passadeira de roupas Sebastiana Aparecida Romão, de 62 anos, que estava feliz em poder conhecer o apartamento onde vai voltar a viver com a filha e uma neta. "Eu moro em dois cômodos e agora elas vão voltar a ficar comigo", disse Sebastiana. As famílias que possuem pessoas com mobilidade reduzida também tiveram prioridade para escolha dos apartamentos adaptados nos andares térreos dos prédios. Cumpridas essas etapas, foi feito o sorteio dos demais beneficiados para organizar a escolha das outras unidades, o que foi acompanhado por gritos e comemorações.
Preparação e atendimento social
Todas as famílias beneficiadas pelo Programa de Desfavelamento já vêm recebendo orientações para facilitar a adaptação nos novos locais onde irão residir. Esse atendimento social continuará depois da mudança por seis meses, conforme explicou a secretária da Cidadania e Geração de Renda (Seci) Ana Criguer. "Estão acostumados a viver em outras condições e já estão sendo preparados para viver em condomínio, temos trabalhado para que essa mudança ocorra da melhor forma. Também teremos palestras e cursos nos próprios empreendimentos", contou.
A assessora de programas sociais da CEF, Sônia Anauate, estava pessoalmente orientando os beneficiados nas visitas aos apartamentos e frisou a importância desta etapa na construção de uma nova realidade para as famílias. Segundo ela, entrar no imóvel, visualizar os cômodos e imaginar como será viver ali auxilia no processo de apropriação do espaço, preparando para as mudanças que virão. "Por isso, nossa preocupação é fazer esse acolhimento, esclarecer todas as dúvidas, informar e educar para contribuir com a adaptação".
O Vila Pedroso I está situado na rua Jorge Winkler, e as 60 unidades, divididas em três blocos. No Vila Pedroso III, situado na rua Jesuíno Custódio Mendes, são 100 apartamentos divididos em cinco blocos. Nos dois núcleos, cada unidade tem 42 metros quadrados, composto por sala e cozinha conjugadas, dois quartos e banheiro. Em cada núcleo haverá também salão de festas, área livre e uma vaga de estacionamento por família. O condomínio vertical é fechado por alambrados e tem guarita na entrada, para segurança dos moradores.
A escolha está sendo organizada pelas Secretarias de Gestão Econômica e Política (Sege) e Cidadania e Geração de Renda (Seci), com apoio de outras pastas da administração municipal.
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