André Moraes
Há quem reclame que o desenvolvimento só chegou para uma região
Prolongamento da avenida Gisele Constantino desenvolveu a região - Pedro Negrão
Quando chegou em Votorantim há 30 anos, a aposentada Maria José Gil, de 65 anos, tinha uma vista bastante diferente da cidade, se comparada à situação vivida atualmente. Ela sempre morou na avenida Gisele Constantino, que vem sendo tomada por grandes, médios e pequenos empreendimentos comerciais, além dos condomínios, se tornando uma das regiões mais valorizadas do município. Para se ter uma ideia, na época em que ela comprou sua casa, a avenida era somente uma via de terra, chamada de Estrada do Quiló. "Não tinha quase nenhuma casa por aqui. Só tinha a minha, uma aqui do lado e mais uma de tábua, lá para frente. Era cheio de mato e os carros só passavam do lado de lá", conta, apontando para as pistas que levam em direção ao Alphaville e ao bairro Jataí.
Os anos foram se passando e hoje Maria José vê um cenário completamente mudado de sua janela. O som dos carros, caminhões e motos, além das máquinas de construção dos empreendimentos que estão sendo instalados por ali, tomaram conta daquela região. "É muito barulho e muita poeira também. Acaba sendo um pouco estressante", diz ela, que é uma das poucas pessoas que por ali moram e ainda não decidiu vender e nem alugar sua casa. "Eu tenho dois filhos, que estão para se casar, portanto não penso ainda em vender a casa. Depois que ficar sozinha, aí acho que irei para um apartamento", relata Maria José, que é viúva há 17 anos.
Passando a casa da aposentada, depois de uma pequena viela, mora o aposentado João Manoel de Oliveira, 80, com sua família. Ele, inclusive, foi um dos primeiros a construir sua casa na antiga Estrada do Quiló, atual avenida Gisele Constantino, há 31 anos. "Eu mesmo construí minha casa e depois fiz mais duas lá para cima, para alugar", revela. O cenário de calmaria naquela região também foi presenciado por Oliveira, algo que ele quer voltar a ter em sua vida. "Coloquei minha casa para vender, porque quero comprar uma chácara. Quero ter um lugarzinho bom para morar", afirma.
Todo esse desenvolvimento ocorrido na avenida Gisele Constantino favoreceu, principalmente, os moradores do bairro Jataí. De acordo com o balconista Edilson Gonçalves Medeiros, 33, morador daquele bairro há 13 anos, esses investimentos fizeram com que houvesse mais uma alternativa de acesso ao local. "Antes para acessar aquela região do Carrefour, a gente precisava dar uma volta grande, passando ali pelo Centro, para daí subir ali na avenida. Hoje a gente consegue chegar lá em cinco minutos", diz ele. Isso ocorreu, pois a avenida Gisele Constantino foi prolongada até o Jataí, depois da instalação de condomínios naquela região. "A avenida acabava antes do Alphaville e daí só tinha mato e um barranco", afirma.
Crescimento desigual
Apesar de presenciarem o crescimento na região oeste de Votorantim, moradores de outras áreas reclamam de desatenção da Prefeitura. "Na região dos bairros Rio Acima, Vila Nova e Fortaleza está tudo bem parado. Temos muitas obras paradas lá, como foi denunciado na TV esses tempos. Parece que é só um lado que recebe investimentos", diz o técnico químico João Carlos de Pontes, 52, que mora há 30 anos na Vila Nova, com sua esposa, a aposentada Maria Aparecida Pontes, 53.
Com isso, eles comentam que Votorantim ainda tem muito o que crescer, pois a Prefeitura deveria investir mais em infraestrutura naquela região, que é bastante populosa. "Como sempre a periferia é esquecida. Tem gente que tem que sair de lá de longe para vir ao Posto de Saúde ou então para receber seu salário em uma agência de banco. Lá para aqueles lados só cresceu a população e mais nada", diz Maria Aparecida.
Por morarem mais próximas do Centro, no bairro Votocel, a operadora de caixa Elisângela da Silva Alves Vieira, 32, e sua mãe, a autônoma Maria Nilza da Silva, 66, não reclamam sobre a situação atual de Votorantim. "Está tudo melhorando, temos bastantes opções no comércio. Antes não tinham muitos empregos na cidade, agora já têm bastante", afirma Elisângela. "Mudou bastante mesmo, porque antes não tinha nada para ver aqui", diz Maria Nilza.

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