O retrospecto e as origens das dificuldades nem sempre são levados em conta pelos munícipes, que se exasperam com a demora dos governos para apresentar soluções satisfatórias
Os
prefeitos Antonio Carlos Pannunzio, de Sorocaba, e Erinaldo Alves da
Silva, de Votorantim, têm mais coisas em comum além do partido (o PSDB) e
o fato de já terem governado seus municípios anteriormente (Pannunzio,
entre 1989 e 1992, e Erinaldo em três ocasiões, nas décadas de 1970, 80 e
90). Por uma estranha coincidência, eles terminam um difícil primeiro
ano de governo com a limpeza pública de suas cidades gravemente
comprometida: Votorantim, devido a uma greve parcial dos servidores
públicos; Sorocaba, em decorrência da troca emergencial da empresa
responsável pela coleta.
Sem uma pesquisa de opinião, é impossível afirmar que os munícipes estejam sendo mais ou menos complacentes com os prefeitos. No entanto, alguns termômetros, como as cartas aos órgãos de imprensa e os desabafos nas redes sociais, indicam que a tolerância é bastante curta, mesmo levando-se em conta que as crises podem ter sido desenhadas nos governos anteriores.
Os problemas em Sorocaba -- como este jornal já demonstrou neste espaço, no editorial A crise do lixo (21/4/2013) -- tiveram sua gênese em 2010, quando foi publicado o edital para contratação de uma empresa que ficaria responsável pela coleta e destinação final dos resíduos sólidos domésticos.
A empresa vencedora (Gomes Lourenço) assumiu os serviços em 2012, depois de uma longa briga judicial entre participantes da licitação, ficando responsável por uma parte importante do serviço (a deposição do lixo em aterro sanitário) que, entretanto, só conseguiria executar por meio de terceirização. A intermediação desnecessária de uma parcela significativa de recursos públicos causou um problema igualmente desnecessário. Uma desavença em torno do preço cobrado pela Proactiva, proprietária do único aterro particular da região -- seguida de ação judicial movida pela Gomes Lourenço para reajustar o valor do contrato com a Prefeitura --, detonou a crise que levaria a Prefeitura, já no governo Pannunzio, a romper com esta última empresa.
Em Votorantim, Erinaldo também se viu às voltas com um cenário desfavorável (que, neste caso, foi herança de um governo do PT). Com a concessão dos serviços de água e esgoto, realizada em 2012, restaram para a Prefeitura uma folha de pagamento subaproveitada (já que a maior parte dos trabalhos do Saae foi transferida à iniciativa privada), uma dívida de R$ 17,5 milhões contraída para a construção da Estação de Tratamento de Água (ETA) Guimarães -- dos quais R$ 16 milhões foram para a ETA e R$ 1,5 milhão para o aterro sanitário -- e a despesa, que antes não existia, relativa ao pagamento das contas de água e esgoto da Prefeitura e outros órgãos municipais.
Em entrevista ao programa Vida Pública, da TV Jornal Cruzeiro do Sul, que irá ao ar no próximo dia 20, o prefeito Erinaldo resumiu a situação financeira do Saae com números impressionantes: a autarquia tem uma receita real de menos de R$ 4 milhões (proveniente da taxa de coleta de lixo, serviço que não foi terceirizado), mas, contando a folha de pagamento, as despesas somam R$ 15 milhões. Como resultado disso, a Prefeitura precisou transferir R$ 10 milhões para o Saae este ano.
Apesar de esses e outros problemas serem debatidos com frequência na imprensa, o retrospecto e as origens das dificuldades nem sempre são levados em conta pelos munícipes, que se exasperam com a demora dos governos para apresentar soluções satisfatórias. Erinaldo e Pannunzio devem saber que, em 2014 -- até por conta da pregação intensa dos adversários políticos --, a cota de compreensão, já agora bastante reduzida, deverá ser ainda menor.
Eleitoralmente falando, o primeiro semestre do ano que vem será de importância crucial para os prefeitos, que precisarão resolver a contento as crises atuais e começar a apresentar resultados palpáveis, se quiserem evitar uma migração de votos para candidatos de outras legendas.
Sem uma pesquisa de opinião, é impossível afirmar que os munícipes estejam sendo mais ou menos complacentes com os prefeitos. No entanto, alguns termômetros, como as cartas aos órgãos de imprensa e os desabafos nas redes sociais, indicam que a tolerância é bastante curta, mesmo levando-se em conta que as crises podem ter sido desenhadas nos governos anteriores.
Os problemas em Sorocaba -- como este jornal já demonstrou neste espaço, no editorial A crise do lixo (21/4/2013) -- tiveram sua gênese em 2010, quando foi publicado o edital para contratação de uma empresa que ficaria responsável pela coleta e destinação final dos resíduos sólidos domésticos.
A empresa vencedora (Gomes Lourenço) assumiu os serviços em 2012, depois de uma longa briga judicial entre participantes da licitação, ficando responsável por uma parte importante do serviço (a deposição do lixo em aterro sanitário) que, entretanto, só conseguiria executar por meio de terceirização. A intermediação desnecessária de uma parcela significativa de recursos públicos causou um problema igualmente desnecessário. Uma desavença em torno do preço cobrado pela Proactiva, proprietária do único aterro particular da região -- seguida de ação judicial movida pela Gomes Lourenço para reajustar o valor do contrato com a Prefeitura --, detonou a crise que levaria a Prefeitura, já no governo Pannunzio, a romper com esta última empresa.
Em Votorantim, Erinaldo também se viu às voltas com um cenário desfavorável (que, neste caso, foi herança de um governo do PT). Com a concessão dos serviços de água e esgoto, realizada em 2012, restaram para a Prefeitura uma folha de pagamento subaproveitada (já que a maior parte dos trabalhos do Saae foi transferida à iniciativa privada), uma dívida de R$ 17,5 milhões contraída para a construção da Estação de Tratamento de Água (ETA) Guimarães -- dos quais R$ 16 milhões foram para a ETA e R$ 1,5 milhão para o aterro sanitário -- e a despesa, que antes não existia, relativa ao pagamento das contas de água e esgoto da Prefeitura e outros órgãos municipais.
Em entrevista ao programa Vida Pública, da TV Jornal Cruzeiro do Sul, que irá ao ar no próximo dia 20, o prefeito Erinaldo resumiu a situação financeira do Saae com números impressionantes: a autarquia tem uma receita real de menos de R$ 4 milhões (proveniente da taxa de coleta de lixo, serviço que não foi terceirizado), mas, contando a folha de pagamento, as despesas somam R$ 15 milhões. Como resultado disso, a Prefeitura precisou transferir R$ 10 milhões para o Saae este ano.
Apesar de esses e outros problemas serem debatidos com frequência na imprensa, o retrospecto e as origens das dificuldades nem sempre são levados em conta pelos munícipes, que se exasperam com a demora dos governos para apresentar soluções satisfatórias. Erinaldo e Pannunzio devem saber que, em 2014 -- até por conta da pregação intensa dos adversários políticos --, a cota de compreensão, já agora bastante reduzida, deverá ser ainda menor.
Eleitoralmente falando, o primeiro semestre do ano que vem será de importância crucial para os prefeitos, que precisarão resolver a contento as crises atuais e começar a apresentar resultados palpáveis, se quiserem evitar uma migração de votos para candidatos de outras legendas.
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