sábado, 22 de março de 2014

A palhaçaria na visão do feminino

Jornal Cruzeiro do Sul
Maíra Fernandes


Grupo carioca As Marias da Graça nasceu com o intuito de fortalecer a imagem da mulher na profissão de palhaço. Hoje, elas apresentam o espetáculo "Tem areia no maiô"
Formado em 1991, o grupo, pioneiro em desmontar o palhaço clássico visualmente e adotar um figurino feminino, também traz questões deste universo para os espetáculos - DIVULGAÇÃO



A arte da palhaçaria na visão do feminino é a bandeira que as quatro atrizes e palhaças do grupo carioca As Marias da Graça defendem há anos. Formado em 1991, o grupo, pioneiro em desmontar o palhaço clássico visualmente e adotar um figurino feminino, também traz questões deste universo para os espetáculos, sem deixar de fazer graça, jamais. Hoje, às 20h, elas colocam os trajes de banho, os narizes vermelhos, e apresentam o resultado dessa arte engajada dentro da 4ª Semana do Circo de Votorantim, com o espetáculo Tem areia no maiô, na lona principal do evento, montada na Praça Lecy de Campos. A peça é emblemática pois trata-se da primeira montagem do quarteto.

No mesmo local, só que antes, às 16h, a trupe Koskowisck apresenta o espetáculo Olha o palhaço no meio da rua. Ambos são gratuitos.

O espetáculo Tem areia no maiô, criado em 1992, conta a história de cinco palhaças que resolvem ir à praia num belo domingo de sol. A trupe embarca num calhambeque rumo a Copacabana e a aventura começa com um pneu furado. Na praia, enfrentam, desastradamente, perigos no mar, chuvas de verão e, claro, areia no maiô. Contam piadas, jogam frescobol, dançando coreografias ao som de Roberto Carlos, Elza Soares e Rita Pavone, entre outros. "É um espetáculo lúdico, bem colorido e para toda a família, com o mínimo de fala", adianta Vera Lucia Ribeiro, que forma o quarteto com Geni Viegas, Karla Conká e Samantha Anciães.

De acordo com Vera, se a data de fundação do grupo remete a 1991, outro momento significativo para elas é o ano de 2003, que consideram um marco, pois é a data da institucionalização das Marias da Graça, que passaram a ser uma associação de mulheres palhaças. "E o nosso foco passou a ser a arte da palhaçaria na visão do feminino. A partir desse momento passamos a ter um entendimento do que representávamos na história da palhaçaria brasileiro, no fortalecimento da mulher nessa profissão, e então passamos a fazer as coisas com essa consciência, como o Festiva Internacional da Comicidade Feminina, que acontece no Rio de Janeiro e está em sua quinta edição e reúne mulheres palhaças e cômicas de dentro e fora do Brasil para o fortalecimento da profissão", defende Vera, lembrando que hoje, no Brasil, há festivais de palhaçaria feminina também em Brasília e em Recife, além de uma revista de Santa Catarina que versa sobre o tema. "Acho que temos possibilitado muita circulação de espetáculos de mulheres pelo Brasil."

Inovação

O grupo nasceu a partir de uma oficina de palhaça que evoluiu para a formação, a partir do aprofundamento do estudo das atrizes sobre a linguagem do palhaço. Na época, lembra Vera, o cenário era bem diferente do atual, e não havia essa abertura de mulheres palhaças em cena. "Então viemos com um figurino de mulher, maquiagem, todo um ritual diferente. Nós não vamos visualmente na linha do palhaço tradicional. Viemos com essa ideia e não havia nada parecido antes, não havia uma referência anterior. Criamos os nossos figurinos, nossos palhaços muito femininos, que foi uma inovação", recorda Vera.

A linguagem desenvolvida por elas também não cabe, especificamente, em uma única escola de palhaço. "A gente não se prende nisso", conta ela sobre os espetáculo que podem tanto ter o mínimo de falas como o que apresentam hoje, ou mesmo com textos mais densos, em que discutem algum assunto.

"Acho importante ter essa festival no interior. No Brasil, estamos conseguindo fortalecer essa arte. E quanto trata-se de um festival realizado por alguma companhia, por exemplo, como é nesse caso, tem valor diferente pois nos dá uma certeza de continuidade, de um trabalho que vem embasado, é um fortalecimento dessa arte no Brasil", reitera.

Serviço

As atividades de hoje dentro da programação da 4ª Semana do Circo de Votorantim começam às 16h, com apresentação do espetáculo Olha o palhaço no meio da rua, da trupe Koskowisck. À noite, às 20h, será apresentado o espetáculo Tem areia no maio, com As Marias da Graça. Os dois espetáculos são gratuitos e acontecem na lona principal, instalada na Praça de Eventos Lecy de Campos, que fica na avenida 31 de março, Centro de Votorantim. A entrada é franca. A programação completa do festival está disponível na página do evento na rede social Facebook.

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