sábado, 19 de abril de 2014

Rock mais vivo do que nunca

Jornal Cruzeiro do Sul
Felipe Shikama

Percy Weiss, ex-vocalista da lendária banda paulistana Made in Brazil, faz show às 15h, em Votorantim
 
Para mostrar que o rock está mais vivo do que nunca, Percy Weiss, ex-vocalista da lendária banda paulistana Made in Brazil, será a principal atração do Palco Livre que acontece neste domingo em Votorantim. Antes do show de Percy, haverá apresentação das bandas Prestto, Rivotrio e Mochileiros do Tibet. O evento, que chega à sua 8ª edição, é gratuito e começa às 15h no Aquário Cultura, ao lado da Praça de Eventos Lecy de Campos.

Percy Weiss conta que subirá ao palco como convidado da banda sorocabana Porão e promete cantar sucessos da Made in Brazil, considerada uma das bandas de hard rock nacional mais importantes da década de 1970. "Eu tenho feito muitos shows em várias cidades neste formato. A banda local, admiradora do trabalho do Made in Brazil, me convida e eu levo a voz original", explica o vocalista, que segue firme na estrada do rock há 42 anos. O repertório preparado para o show deste domingo inclui Vou te virar de ponta cabeça, Meu amigo Elvis e Jack o Estripador.

O artista, que começou cantando músicas de Ray Charles aos cinco anos, "como forma de espantar a gagueira", realizou seu primeiro trabalho profissional com 17 anos de idade na extinta banda U.S Mail. "Naquela época não existia o rock nacional, então nós fazíamos covers de grandes sucessos como Rolling Stones e Beatles", lembra. No ano seguinte, em 1972, ele mesmo ajudara a escrever as primeiras letras de rock em português com a banda Quarto Crescente, até que em 1975 recebeu o convite dos irmãos Oswaldo e Celso Vecchione para integrar a Made in Brazil. "Naquela época fizemos muito sucesso, tínhamos grande espaço na mídia e ganhamos muito dinheiro", comenta o artista, que mantém um projeto solo intitulado Percy"s Band e paralelamente se dedica como produtor cultural de bandas de rock setentistas.

Se hoje em dia as cifras que o rock rende a Percy não são mais as mesmas, ele afirma que boa parte dos espaços "existem graças à resistência natural do bom e velho rock and roll". Já ao sucesso com os fãs, mesmo depois de quatro décadas, continua inalterado. "Eu só consigo explicar essa longevidade a partir de um prisma que o rock não é só uma expressão musical. É uma expressão cultural, que envolve todas as artes, e é um modo de viver e ver a vida. Por isso que ele permanece vivo. Não é uma música que aparece no verão e some no outono", defende.

Rock e resistência

Após sua passagem pela Made in Brazil, onde participou da gravação dos discos Jack o Estripador (1976) e Paulicéia Desvairada (1978), Percy Weiss integrou ainda as bandas Patrulha do Espaço e a de heavy metal Harppia. A Patrulha do Espaço, detalha Weiss, foi a primeira banda do Brasil a lançar um disco independente - relançado no ano passado. "Foi um sucesso total e os músicos viram que não precisavam mais se curvar às gravadoras", lembra ele, a fim de comprovar a sua tese de "resistência natural" do rock.

Por falar em resistência, Percy Weiss lembra que o disco Massacre, gravado em 1977 pela Made in Brazil, foi alvo da censura da ditadura militar. "O disco foi censurado no momento da gravação e tivemos que mudar várias letras. Mas nos shows nós sempre tocamos a música original, como deveria ser", lembra.

Outro episódio que expõe o terror e o ridículo de uma ditadura foi durante o show de lançamento desse mesmo disco, conforme lembra Percy. "Neste show a bateria era coberta por um tanque de guerra verde. Os censores mandaram a gente mudar a cor [do tanque] e depois diminuir o tamanho do canhão. Uma coisa bizarra. Eles queriam fazer a gente desistir, mas o espirito do rock foi muito mais forte do que isso", rememora.

O artista se diz animado com a possibilidade de reapresentar aos fãs da região os sucessos daquele período e "conferir a cena do rock de Votorantim". No entanto, ele lamenta o fato de que "como num passe de mágica" as bandas de rock perderam espaço na virada da década de 1980. "O rock dos anos 1970 foi abandonado. Parece que quando acabou a ditadura, viraram a página inteira da história, inclusive a parte boa, que era o rock", opina.

SERVIÇO - O Palco Livre acontece neste domingo, a partir das 15h, no Espaço Aquário Cultura (avenida Moacir Oséias Guitti, 41), ao lado Praça de Eventos Lecy de Campos, em Votorantim. A entrada é gratuita.

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