quinta-feira, 3 de julho de 2014

VI Congresso de Educação estimula discussão dos desafios da área e do educador


A incompletude do ser humano e a necessidade de buscar sempre o aprimoramento e a construção do conhecimento num processo permanente de conquista e partilha foi mensagem marcante no VI Congresso de Educação de Votorantim, finalizado nesta quinta-feira (03). Apesar da programação oficial ter sido encerrada, ao final de três dias de palestras, reflexões e momentos culturais, ficou entre os congressistas, organizadores e palestrantes convidados a certeza da continuidade. Ao propor a discussão dos "Desafios Educacionais: Gestão, Currículo e Docência", a Secretaria da Educação de Votorantim focou não apenas a formação dos profissionais da rede, mas também seus programas, ações e metas de maneira ampla e participativa.

Para a Secretaria da Educação, a avaliação do congresso superou expectativas pelo aproveitamento dos participantes e pelo nível das apresentações que provocaram reflexão e contribuíram com as discussões atuais e pertinentes aos desafios da educação, como também aos processos, projetos e programas em andamento na rede municipal.Conforme frisou a titular da pasta, Isabel Cristina Dias de Moraes Cardoso, os encontros serviram também para unir ainda mais aqueles que "acreditam e buscam uma educação de qualidade".

A consciência da própria incompletude do ser humano e, em especial, do profissional da educação, foi abordada espontaneamente por todos os cinco palestrantes convidados para o evento. Cada um no seu contexto chamou a atenção para a necessidade de não parar no tempo e nunca parar de estudar, não resistir às mudanças, não recusar avanços que se apresentam com as tecnologias e não se perder nas superficialidades e deixar de buscar o que realmente é importante. "É preciso ter humildade para saber que sempre pode aprender, buscar e fazer mais e diferente, saber que nunca estamos prontos, finalizados", foi uma das definições de Mario Sérgio Cortella, na concorrida manhã de abertura do Congresso.

A humildade também esteve entre as características mais faladas e enaltecidas em todas as apresentações. Na palestra de encerramento, com ajuda da música como linguagem envolvente e transmissora de conhecimento, Paulo Roberto Padilha, do Instituto Paulo Freire falou da humildade para reconhecer, respeitar e aprender com as diferenças. "As diferenças acrescentam, ao invés de diminuir as pessoas. Na educação, precisamos estar preparados e sensíveis a isso, porque a educação salva vidas", sentenciou. Apesar de terem se apresentado em dias diferentes, um na abertura e outro no encerramento do Congresso, respectivamente Cortella e Padilha, em vários momentos, praticamente estabeleceram um diálogo perfeitamente conectado em suas falas, mas não foram repetitivos e sim complementares nas abordagens.

Para os participantes essa conexão das apresentações foi um brinde pois não havia sido prevista ou pedida aos palestrantes. "Ao longo dos três dias, os temas foram ganhando com as vozes dos convidados e o resultado foi muito positivo, colocando o foco naquilo que é realmente importante que é a qualidade da educação", resumiu a secretária Isabel. Este alcance atingiu o objetivo ao discutir a gestão por meio de uma escola articuladora do conhecimento e não uma escola lecionadora, que é fonte de conhecimento. Em sua avaliação final, a secretária acentuou que o congresso esclareceu o que verdadeiramente é o currículo na educação, "não é lista do que fazer, currículo é enriquecer, é saber discutir, é cultura, é vivência", completou.

Programação e destaques

Após uma abertura solene com a presença de autoridades e a participação da cantora Tereza Baddini que interpretou, à capela, o Hino Nacional Brasileiro, a palestra de abertura do Congresso, na terça-feira, dia 1º de julho, foi com o professor doutor Mario Sergio Cortella, autor de vários livros e reconhecido internacionalmente. Com formação em Filosofia e na área da Educação, Cortella abordou o tema "Currículo, Docência e Inclusão" e deu início à sua fala abordando coragem, ética e decisão como forças que movem e modificam os indivíduos, introduzindo o tema central de sua apresentação. "Falaremos das cinco virtudes decisivas para que a educação e a escola sejam congregadoras e não segregadoras e que façam isso com decência, cujo prefixo (dec) significa enfeitar, decorar. A educação e o educador devem enfeitar e não enfeiar a escola", resumiu Cortella.

As virtudes detalhadas pelo palestrante foram Humildade, Sinceridade, Integridade, Pluralidade e Solidariedade, todas elas apresentadas com exemplos e aplicadas ao contexto escolar e da atuação do educador. Luciana Maria Castanho, pedagoga, psicopedagoga, mestre e doutora em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano, também se apresentou no primeiro dia. Com o propósito de provocar a reflexão sobre a educação moral, ela falou sobre responsabilidade, autoconhecimento e a educação de base como formadora dos profissionais de todas as áreas. Na quarta-feira, foi ministrada a palestra da professora doutora Mônica de Ávilla Todaro sobre o tema "Gestão, currículo e docência: pensar certo e ser mais", uma aula sobre organização, preparo e envolvimento no ambiente escolar. Com experiência em gestão, a pesquisadora abordou também o olhar do educador sobre o processo de aprendizagem que está ao alcance de todos.

A professora doutora Guiomar Namo de Mello, diretora da Escola Brasileira de Professores (EBP) encerrou as atividades do segundo dia tratando de "Gestão, Currículo e Docência". A palestrante focou o currículo apresentando historicamente a evolução das definições tanto no campo pedagógico, quanto político e os desdobramentos de cada etapa no ambiente, na prática e no desempenho escolar.

O encerramento do Congresso foi com a palestra show do professor doutor Paulo Roberto Padilha, diretor do Instituto Paulo Freire e da banda Transbordarte2033 com o tema "Currículo com Arte: inclusão e participação nas políticas públicas educacionais". Mesclando sua fala com música e interação do público, Padilha costurou o conceito de Educação Intertranscultural. Os prefixos inter e trans, respectivamente se apresentam como colocar em interação (diálogo) e ao mesmo tempo (transcendência), na colocação do palestrante que define: "A Educação Intertranscultural começa pelo reconhecimento de nossa humanidade, nossa incompletude, de nossa história, de nossa cultura, começa pelas ações" e complementa ao defender que se dá "além das visões particulares e universais, se dá por meio de conexões e oposições e considerando a cultura escolar e a cultura de escola, com sua identidade, identificação e diferenciação cultural".

Momentos culturais

Além das palestras, o evento contou com apresentações culturais dos alunos do Programa de Educação em Tempo Integral da rede municipal de ensino. Estudantes da Escola Municipal "Walter Rocha Camargo", da Vila Nova, fizeram números de dança e mostraram os conhecimentos adquiridos na oficina de capoeira, saindo elogiados e aplaudidos pelos congressistas. Já os alunos da Escola Municipal Isabel Fernandes Pedroso, do Jardim São Lucas, fizeram apresentações de coral, metais e fanfarra, e foram muito aplaudidos pela plateia.

Outro momento marcante do congresso teve a linguagem corporal como diferencial no espetáculo "1964", com bailarinos e bailarinas da Companhia de Dança Faces Ocultas. Ganhadora de vários prêmios internacionais e com quinze anos de existência, a equipe calou e impressionou a plateia com muita ação e expressão retratando o período da ditadura militar no Brasil. A trilha sonora garantiu ainda mais impacto à apresentação com canções de Chico Buarque de Holanda envolvendo o público com o tema, resultando em muitos aplausos no final. A organização do VI Congresso de Educação foi da Secretaria da Educação de Votorantim, com coordenação e realizada da Saberes Consultoria e Assessoria Educacional.


Secom Votorantim

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