Jornal Cruzeiro do Sul
Estudantes de escola municipal da cidade foram inspirados por iniciativa de uma professora de língua portuguesa
As cinco crianças da classe que mais conseguiram doações foram ao Gpaci - Secom / Votorantim
Após participarem de uma campanha que visava arrecadar cabelos e confeccionar perucas para crianças com câncer, os alunos da escola municipal "Maria Helena de Moraes Scripillitti", em Votorantim, entregaram a primeira doação. Um grupo de crianças e a professora que coordena a ação estiveram no Hospital do Gpaci (Grupo de Pesquisa e Assistência ao Câncer Infantil), em Sorocaba.
Com a espontaneidade típica da infância, rapidamente as crianças em tratamento e os estudantes se apresentaram. Em poucos minutos estavam dividindo brinquedos, contando coisas que gostam de fazer e desfrutando de bons momentos. Abraços e convites para retornarem encerraram a visita que recebeu elogios de funcionários, diretores e também das mães das crianças que estavam no hospital para consultas, exames ou procedimentos.
Os alunos cursam o quarto ano na Escola Municipal "Maria Helena de Moraes Scripillitti", na Vila Votocel, em Votorantim e têm entre 9 e 10 anos de idade. A iniciativa de realizar uma campanha solidária surgiu na sala de aula a partir de uma lição de língua portuguesa que abordava gêneros textuais e propunha a leitura de textos publicitários. "Na apostila a campanha era de doação de brinquedos e os alunos ficaram interessados em se envolver, foi assim que surgiu a ideia de escolher um tema e a doação de cabelos foi o mais votado", relembra a professora Tatiane Reis.
As próprias crianças fizeram desenhos, escolheram o slogan "Doe cabelo e devolva um sorriso" e, com apoio da Arkyvos Copiadora, ganharam folhetos para divulgação. Algumas alunas cortaram os próprios cabelos para doar e toda a classe, composta por 28 alunos começou a colaborar falando com amigos, familiares e vizinhos. "O resultado começou a aparecer muito rápido, com a adesão das próprias crianças e a repercussão no bairro e depois na cidade. As crianças estão dando um ótimo exemplo de como é possível ajudar e fazer o bem com atitudes simples. Estou muito orgulhosa dos meus alunos", frisa a professora.
Em quatro semanas, foram arrecadadas mais de sessenta doações de cabelo. Outra etapa do trabalho é a busca de voluntários que possam confeccionar as perucas. Um cabeleireiro já se comprometeu a ajudar e cedeu as duas primeiras perucas. "Precisamos de mais profissionais que concordem em colaborar na produção, os interessados podem ter certeza de que estarão participando de uma causa muito nobre e que ajuda a estimular a solidariedade entre crianças", convidou Tatiane.
O desejo de ter uma peruca
As cinco crianças da classe que mais conseguiram doações para a campanha foram ao Gpaci esta semana. Letícia Rocha, de 9 anos, uma das meninas que cortou o próprio cabelo para doar, definiu a experiência como "um dia para não esquecer". Ela e os colegas foram recepcionados por Bruna Rafaela Paques Pires, de 27 anos, paciente do hospital desde os oito anos e atualmente em tratamento.
Para Bruna, que já perdeu os cabelos quatro vezes devido à quimioterapia, a iniciativa das crianças é muito bonita e deve ser parabenizada. "Eu agradeço que eles se preocupem e façam uma campanha para ajudar pessoas que eles nem conhecem", comentou. Bruna contou às crianças que tem o próprio cabelo guardado e o sonho de confeccionar uma peruca, mas nunca encontrou alguém que pudesse ajudá-la.
A vice-presidente do Gpaci, Maria Lucia Neiva de Lima, também participou do encontro e agradeceu aos alunos. Ela explicou que as crianças menores se acostumam mais facilmente com a condição de não ter cabelo durante o tratamento e normalmente usam bonés e gorros quando querem cobrir a cabeça, porém isso costuma mudar em outras etapas da vida. "Atendemos ao público infanto-juvenil e a partir da pré-adolescência, a vaidade se manifesta e as meninas despertam para esse desejo da peruca", contou.
Para as crianças que estavam aguardando atendimento, a visita dos alunos foi uma maneira de sair da rotina. Algumas, ficaram um pouco acanhadas no início, mas logo se soltaram e foram brincar com os cinco estudantes de Votorantim. "Para minha filha Mirela, estar com crianças que não são daqui do hospital e que não estão fazendo perguntas e olhando com curiosidade para ela é muito bom", disse Aline Romancini, de 23 anos. Mirela, aos 4 anos, gostou mesmo das companhias e participou de fotografias, convidou os novos amiguinhos para voltarem e se despediu de todos com abraços.

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