sexta-feira, 31 de março de 2017

Prática de atividade física é aliada da qualidade de vida na 3ª idade

Jornal Cruzeiro do Sul
José Antonio Rosa



Marco Guerra (direita) e Carlos Eduardo Walter: garantir um envelhecer mais saudável - ALDO V. SILVA / ARQUIVO JCS



O aumento da expectativa de vida da população acabou incorporando à agenda da saúde pública o desafio de atender às necessidades do contingente cada vez maior de idosos, de maneira a se lhe assegurar qualidade no processo de envelhecimento. Na prática, porém, essa preocupação tem sido encampada quase que exclusivamente pela classe médica e, em escala bem menor, por quem deveria executar políticas de atendimento da demanda.

É o que avalia o geriatra sorocabano Marco Guerra, do corpo clínico do Hospital Santo Antonio, em Votorantim, segundo quem a prevenção ainda é uma das, se não a, mais eficazes alternativas de enfrentamento do quadro. Guerra refere-se especificamente à prática de atividade física como uma das formas de garantir um envelhecer mais saudável.

O especialista critica o que chama de "tabu" segundo o qual os idosos devem ser poupados de praticar exercícios compatíveis com sua condição. Até o século passado, ele continua, esse público era orientado a desenvolver atividades aeróbicas, como caminhadas; hoje, também já são reconhecidos os bons resultados da musculação para o envelhecimento com saúde, inclusive no apoio ao combate das doenças crônico-degenerativas.

Marco Guerra afirma que o sedentarismo ainda é o inimigo comum a todas as faixas de idades e o fator de risco a ser considerado. E ele ganha força na medida em que todos, velhos ou não, usam dos recursos tecnológicos disponíveis para se afastar cada vez mais das atividades físicas. "Vivemos o paradoxo de sermos orientados a correr, a se movimentar e, ao mesmo tempo, empurrados para salas fechadas para acessar computadores e outras facilidades."

Já a prática de exercícios, ao contrário, agrega benefícios. O geriatra relaciona entre eles a melhora das condições cardiovasculares, com a redução dos níveis de hipertensão arterial; da massa do aparelho esquelético; da performance muscular que, com o fortalecimento, ajuda a evitar quedas, uma das principais causas de acidentes sofridos por pessoas idosas dentro de casa; o combate à osteoporose, e redução da glicemia, agente responsável pela diabetes, no sangue.

A atividade física ainda estimula o aumento da serotonina, o hormônio do bem-estar e previne a obesidade. Além disso, praticá-la melhora o desempenho sexual. "Esse é outro preconceito ainda bastante difundido no que se refere aos idosos; por falta de conhecimento, usa-se dizer que eles estariam sujeitos a limitações, o que não corresponde à realidade dos fatos, desde que tomados os cuidados necessários."

Guerra adverte que a prática da atividade física na chamada melhor idade deve ser supervisionada por profissionais. Essa recomendação, aliás, vale para todas as faixas etárias. "Embora poucos obedeçam, fazer exercícios, se movimentar, exige o acompanhamento especializado", afirmou.

Para o especialista, envelhecer no Brasil é tão temerário quanto viver. "Todos estamos sujeitos aos mesmos problemas, independentemente de sermos jovens ou velhos. Riscos existem e vão continuar existindo. Cabe a cada um se orientar pelo melhor, dedicar-se e se prevenir. E, até por isso, a atividade física é extremamente benéfica."

O especialista recomenda que cada pessoa idosa siga um programa de exercícios elaborado em atendimento às suas necessidades e condições. "Se alguém, por exemplo, caminhar média de uma hora por dia, ou até três vezes por semana, estará contribuindo bastante com a própria saúde."

Exemplo

A conversa com o geriatra Marco Guerra foi acompanhada pelo professor de Educação Física aposentado Carlos Eduardo Walter. Aos 68 anos, "Dado", como é mais conhecido (e faz questão de ser chamado) praticou esportes, e ainda hoje pratica atividades como caminhadas (em média 400 minutos por semana, além de trabalhar o fortalecimento muscular).

Ele garantiu que segue à risca as prescrições médicas (fazia isso antes bem antes, diga-se de passagem), mas não se coloca como exceção à regra. Dado é bastante consciente e confirma, na prática, que quanto mais cedo todos começarem a se cuidar, dedicando tempo para a prática de exercícios, menos transtornos terão a administrar no futuro.

Além de combater o sedentarismo, Dado também tem uma alimentação balanceada. O entrevistado se define como "chato" no que se refere às normas de convivência. "Durante os mais de 40 anos em que me dediquei ao ensino procurei transmitir aos meus alunos a importância de seguir essas recomendações, e ainda hoje continuo falando a respeito."

Dado não se vê como exceção à regra. "Muita gente faz o mesmo. A cidade, de uns 20 anos para cá, se transformou numa cidade ativa e, com certeza, não devo fazer parte da minoria ociosa. Se você andar por Sorocaba, verá que em muitas regiões, as pessoas praticam atividades, o que é importante."

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.

Ouça a Rádio Votorantim