Jornal Cruzeiro do Sul
José Antonio Rosa
A exoneração do advogado Wiliam Roberto de Souza Ferreira, da Secretaria da Saúde de Votorantim, anunciada nesta terça-feira (27), agitou o ambiente político da cidade. No começo da tarde, o desligamento do ex-secretário foi comunicado por meio de nota da Prefeitura, segundo a qual isto teria ocorrido "a pedido" do próprio Wiliam; na Câmara, porém, onde o assunto foi tratado na sessão do mesmo dia, o entendimento dos vereadores foi de que o ex-secretário, que será substituído por Junior Silveira (também titular da Secretaria da Cidadania) acabou "pagando a conta" por causa da indefinição da entrada em funcionamento de duas Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) no município.
Também na Câmara foi aprovada a criação de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) que deverá apurar supostas irregularidades, entre as quais a instalação das duas UPAs. Segundo a vereadora Fabíola Alves Pedrico (PSDB), a Comissão deve definir nesta semana seus integrantes e o cronograma de depoimentos. O agora ex-secretário era aguardado na Casa para prestar esclarecimentos, mas por ter sido exonerado não compareceu. Ele será intimado a falar na CEI. Por meio de nota, a Prefeitura de Votorantim optou por não polemizar mais e limitou-se a afirmar que "o governo municipal entende que esta é a posição de uma vereadora da oposição e que sua manifestação faz parte do processo democrático."
Desencontro de informações
Em 28 de janeiro, o Cruzeiro do Sul informava que o Ministério da Saúde analisava pedido de cancelamento das duas UPAs de Votorantim. Entretanto, o secretário de Planejamento e Desenvolvimento de Votorantim, Carlos Laino, negou que tal pedido tivesse sido feito, apesar de reconhecer que a administração não tinha recursos para pôr as duas unidades em funcionamento. No dia seguinte à publicação da reportagem, o prefeito de Votorantim, Fernando de Oliveira Souza (DEM), procurou o jornal e também negou que o município tivesse dado entrada no Ministério da Saúde com o pedido de cancelamento das duas UPAs. O prefeito disse ainda que pretendia cumprir seu compromisso de campanha com a ativação das UPAs e que lutaria "até o último dia" de seu mandato para colocar, se não as duas, pelo menos uma unidade em funcionamento.
Dias depois, em 9 de fevereiro, com a confirmação de que o Ministério da Saúde havia desabilitado as duas UPAs de Votorantim, a Prefeitura informou em nota que "ao apurar as responsabilidades, constatou que houve um equívoco por parte do secretário da Saúde, Wiliam Roberto Ferreira, ao encaminhar os pedidos por iniciativa própria". Dizia a nota: "Wiliam assumiu a pasta no dia 1º de setembro de 2017, em substituição ao ex-secretário José Luiz Barasnevícius e admitiu que, ao assumir, tomou conhecimento de que o assunto (devolução das UPAs) estava sendo discutido, como inclusive chegou a ser cogitado e anunciado tempos atrás. Porém, entendeu que seria um assunto devidamente definido e enviou ao Ministério da Saúde."
A Prefeitura informou, naquela oportunidade, que tanto o prefeito quanto o secretário de Planejamento e Desenvolvimento, Carlos Laino, deram entrevistas sem conhecer esse pedido e que estudavam a melhor alternativa para a abertura das UPAs. "Lamento e me desculpo humildemente pelo desencontro de informações", disse o prefeito na nota oficial. "Tomaremos as providências necessárias para apurar todas as responsabilidades." A sucessão de declarações acabou gerando mal-estar e agora, com a saída de Wiliam Ferreira da Secretaria da Saúde, de acordo com o que disseram parlamentares na sessão legislativa, "alguém precisaria ser punido". "Sobrou para o doutor Wiliam", disse a vereadora Fabíola.

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