quinta-feira, 22 de março de 2018

Rapaz deixou jovem desacordada em represa e filha dela na rua para esconder tráfico de drogas, diz delegado

Por Carlos Dias, G1 Sorocaba e Jundiaí

Juliana Jovino foi achada morta na represa. Segundo o delegado, ela usava drogas com o suspeito quando teria ficado 'roxa'. Celso Nunes, preso nesta semana, a levou para represa e depois deixou filha embaixo de árvore.

Vítima foi encontrada em represa em Votorantim (Foto: Reprodução/TV TEM)

O rapaz suspeito de deixar a jovem desacordada na água da represa de Itupararanga, em Votorantim (SP), e abandonar a filha dela, de dois anos, embaixo de uma árvore em uma rua de Sorocaba (SP) planejou a ação para esconder o uso e tráfico de drogas, informou a polícia.
O crime aconteceu no dia 24 de dezembro de 2017, véspera de Natal. O suspeito foi preso na manhã de terça-feira (20).
O laudo toxicológico feito em Juliana Jovino apontou que ela usou drogas antes de desmaiar e exame do Instituto Médico Legal (IML) afirmou que a causa da morte foi por afogamento.
De acordo com o delegado Gilberto Montenegro Costa Filho, responsável pelo caso, Celso Rodrigues Nunes, de 33 anos, foi indiciado por homicídio com quatro qualificadoras, sendo elas feminicídio, ocultação de crime anterior e abandono de incapaz, além de tráfico de drogas.
Por conta do depoimento do rapaz, o delegado acredita que ele não a socorreu quando usavam drogas para não responder pelos entorpecentes. O suspeito também foi indiciado por tráfico privilegiado. A
prisão temporária é de 30 dias.
"Ele poderia ter levado a Juliana para um hospital, mas não o fez. Por cerca de uma hora, ele ficou pensando no que faria e tomou a decisão de deixar o corpo dela na represa e deixar a menina, que estava com eles, na rua. Acredito que ela poderia ter sobrevivido se tivesse sido socorrida", diz Montenegro.

O crime

O suspeito contou que conheceu Juliana no dia 23 de dezembro e foram sozinhos até um bar no mesmo bairro. Até então, ele só havia falado que tinha consumido apenas bebida alcoólica e a jovem, drogas, durante toda a noite.
Conforme o relato de Celso, os dois decidiram ir a um churrasco na casa de uma amiga da jovem, no mesmo bairro. Por volta do meio-dia de 24 de dezembro, segundo o depoimento, Juliana decidiu buscar a filha em casa e levá-la até o local em que estava com Celso.
Após horas no churrasco, os dois saíram também com a criança até a casa dele, em Votorantim, mesma cidade onde está localizada a represa de Itupararanga.
"O Celso relatou que os dois estavam juntos em um dos cômodos e a menina teria ficado brincando no quintal. Em determinado momento, Juliana começou a ficar roxa após usar mais drogas. Ele disse que tentou acordá-la durante uma hora", contou o delegado.
O suspeito disse à polícia que, desesperado e embriagado, optou por colocar o corpo desacordado no banco de trás do carro e a criança no banco da frente antes de voltar para Sorocaba e deixar a menina no bairro Eldorado, zona leste de Sorocaba, ainda de dia. A criança foi encontrada por moradores abraçada a uma árvore.
Horas depois de deixar a criança, ele foi até a represa de Votorantim e colocou o corpo de Juliana na água. A polícia acredita que a criança viu a mãe ser deixada na água, o que contradiz com o que suspeito contou, por conta de uma frase que disse à avó dias depois de ser devolvida para a família.
"Depois de algum tempo [da morte de Juliana], achamos que ela estava melhorando, mas mesmo assim perguntava muito da mãe. Uma dia nós dissemos: 'A mamãe está no céu'. Ela disse: 'Mamãe está na água, não no céu'. O tio do carro vermelho deixou ela lá", falou a avó, Maria Aparecida Jovino, ao G1.
O questionamento chegou ao delegado, que pediu um relatório ao Conselho Tutelar onde também havia fala semelhante da criança. A menina está aos cuidados dos parentes e não ficou ferida.
"Ela vai crescer sem a Juliana, mas vamos fazer o possível para darmos a melhor vida para ela. A minha filha não vai voltar, mas minha neta ganhou quatro mães", diz a avó, fazendo referência a ela e outras três filhas que vão cuidar da menina.

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