terça-feira, 19 de junho de 2018

Editorial

Jornal Cruzeiro do Sul
A realização de bailes funk ou "pancadões" em praças públicas, principalmente durante os finais de semana, têm infernizado a vida de moradores dessas regiões. Fato comum nos grandes centros, esses "bailes" consistem na reunião de jovens com equipamentos de som automotivo no último volume, grande consumo de bebidas alcoólicas, onde jovens, muitos deles menores de idade, atravessam a madrugada ouvindo ou dançando ao som desse tipo de música. E não é o som altíssimo e as músicas com letras chulas que incomodam quem mora nas proximidades. É comum acontecerem rachas, disputas de quem tem a moto mais barulhenta, jovens empinando suas motocicletas, venda ilegal de bebidas alcoólicas e até relações sexuais entre jovens num clima permissivo onde muitos dizem rolar muita droga.

Esse tipo de evento, geralmente realizado em praças públicas onde é possível estacionar os carros, tem causado problemas em vários municípios da Região Metropolitana de Sorocaba (RMS). Em Votorantim, esses encontros têm sido realizados no Parque Itajaí. Moradores dizem que os jovens estacionam na avenida Antônio Castanharo e rua Monsenhor Luiz Castanho e que a bagunça começa por volta de 21h30 e vai até as 5h, sem dar trégua aos moradores das redondezas que querem dormir. Evidentemente que nenhum morador se arrisca a admoestar os jovens, pois evidentemente não seriam atendidos e ainda correriam o risco de serem agredidos.

Em Sorocaba, o "pancadão" que mais gera reclamações é o realizado no bairro Nova Esperança. Os vizinhos, como mostrou reportagem deste jornal, que compreensivelmente pedem que suas identidades sejam preservadas, informam que a folia começa na noite de sexta-feira e continua no sábado e no domingo. Em algumas ocasiões, eles fecham as ruas impedindo que moradores que têm carros, tenham acesso às suas residências. Quando a algazarra ultrapassa todos os limites os moradores acionam a polícia, o som fica mais baixo. Mas a folia volta a todo volume assim que os policiais deixam o local. Ao fim do baile, o que resta é lixo por todos os lados e uma quantidade enorme de latas e garrafas de bebidas alcoólicas. Algumas pessoas que moram perto dos locais desses encontros até pensam em vender seus imóveis, mas são desestimulados pelos vizinhos que acham uma injustiça. Um abaixo-assinado com mais de 200 assinaturas já teria sido entregue à Prefeitura, vereadores, Conselho Tutelar, Ministério Público e ao comando da Polícia Militar para que providências sejam tomadas.

O clima nesses encontros geralmente é de permissividade e agressividade contra as autoridades. Na noite de 30 de maio, véspera do feriado de Corpus Christi, a Polícia Militar foi acionada pelos moradores do Parque Jataí, que não aguentavam tamanho barulho, e foram recebidos pelos jovens com pedradas e garrafadas. É evidente que esses "pancadões" ultrapassam todos os limites de civilidade e educação. Pior que isso, seus frequentadores agem em completa ilegalidade, quer no volume alto do som, como no consumo de álcool e substâncias ilegais.

Neste final de semana, a Polícia Militar realizou ações preventivas no bairro Nova Esperança e Parque São Bento, locais utilizados para esses encontros. O policiamento ostensivo e a presença de policiais impediu que o encontro se realizasse. O trabalho da PM mostra que ela tem os melhores argumentos para impedir esse tipo de encontro, as leis. É inconcebível que se repitam situações como essa, em que moradores são privados de seu direito ao descanso no final de semana e muitas vezes são impedidos de entrar em casa com seus veículos. Os participantes desse tipo de encontro infligem várias leis e não resistiriam a uma fiscalização minimamente rigorosa, se possível com participação do Conselho Tutelar, agentes de trânsito, Ministério Público, Guarda Municipal e Polícia Civil. Os realizadores desses encontros desobedecem uma série de leis, e normas de trânsito. Uma delas, inclusive foi sancionada no início do ano passado e ficou conhecida como "Lei dos Pancadões" que regulamenta a ação da Polícia Militar nessas situações, prevê multa que chega a R$ 1 mil e até a apreensão de veículos.

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