terça-feira, 5 de julho de 2011

Cassola não sairá candidato por "lealdade" a Pivetta

Notícia publicada na edição de 05/07/2011 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 007 do caderno A

O ex-prefeito diz que deixa a vida pública e não irá disputar mais nenhuma eleição


O ex-prefeito de Votorantim e presidente do PDT local, Jair Cassola, revelou que só não se lançará candidato à Prefeitura nas eleições municipais de 2012 por conta da lealdade em torno de acordo pelo apoio à eleição, em 2008, e eventual reeleição do atual prefeito, Carlos Augusto Pivetta (PT), nas próximas eleições. Pivetta foi seu vice por oito anos quando esteve à frente da administração votororantinense. O ex-prefeito, aos 63 anos de idade, dos quais 43 como militante político, recebeu a reportagem na noite última quarta-feira em sua residência e revelou ter abandonado a vida pública. "Olha, não tem nada que possa me impedir de ser candidato a prefeito nas próximas eleições. Eu sou presidente de um partido. Não é o caso, como aconteceu em Sorocaba, em 2008, quando teve a disputa interna pela candidatura dentro de um próprio partido, o PSDB (referindo-se ao atual prefeito Vitor Lippi e o ex-prefeito Renato Amary). Nada me impede, a não ser o meu caráter, meu respeito. E eu respeito a aliança, a lealdade ao Pivetta e ao grupo", disse.



Cassola negou eventual desentendimento com o atual prefeito, com quem disse ter contatos frequentes. Apesar disso, não poupou críticas à medida tomada pelo prefeito petista em passar a gestão do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) à iniciativa privada. Revelou ainda ter procurado seu ex-vice para uma conversa sobre o assunto e que Pivetta teria ficado irritado. Sobre o fato de o Tribunal de Contas do Estado (TCE) ter, nos últimos meses, julgado irregular várias licitações e contratos celebrados ao longo de sua gestão, ele se defende e diz que tudo foi feito dentro da legalidade e que seus advogados então recorrendo das decisões.


Veja abaixo os principais trechos da entrevista:


Cruzeiro do Sul - O senhor é o atual presidente do PDT em Votorantim, como está o partido e as articulações visando às eleições de 2012?

Jair Cassola - O PDT aqui em Votorantim é muito forte. Estamos estruturando o partido, visando as eleições, sobretudo em busca de novos filiados. Estamos aliados ao mesmo grupo que eu formei em 1999. São pessoas fiéis. Temos mais de 400 militantes, sendo dois vereadores.

CS - O senhor foi prefeito por duas gestões consecutivas e depois fez o sucessor, que foi seu vice. Durante a campanha de 2008, o senhor deu total apoio ao Carlos Augusto Pivetta. Naturalmente, ele irá disputar a reeleição. O senhor manterá o apoio?

JC - Sou muito leal ao Pivetta, como sempre fui leal aos meus companheiros e ao grupo. E eu já vi esse filme acontecer em Sorocaba. Você fazer um racha hoje, só beneficia o adversário. Eu não vejo motivo para isso. Eu não sou aquela pessoa agarrada ao poder. O poder não me seduz. Eu não mudei nada; da mesma forma com que eu entrei (como Prefeito) eu sai. O mesmo ritmo de trabalho e lealdade; de serviços prestados à comunidade de Votorantim. Então, eu já cumpri a minha parte; nesse momento eu tenho que dar apoio ao atual prefeito Carlos Augusto Pivetta, que foi meu vice durante oito anos e merece todo o meu respeito e confiança.

CS - Então o senhor mantêm o apoio ao atual prefeito e não se lançará candidato e nem mesmo seu partido terá candidatura própria?

JC - Sim. Manteremos o apoio. Se a eleição fosse amanhã apoiaríamos Pivetta. Será em 2012 e também manteremos o apoio. Lealdade, sempre. Espero que nada aconteça na vida do Pivetta, para que ele tenha bastante saúde e vontade de trabalhar ainda mais para a cidade de Votorantim.

CS - Qual o acordo firmado entre o senhor, seu partido com o PT e o Pivetta? O senhor irá, numa eventual reeleição de Pivetta, ocupar algum cargo?

JC - Não...Não tem; não quero nenhum cargo; nem para mim, nem para a minha família. Eu tenho as minhas empresas... Eu não tenho pretensão nenhuma em voltar a receber algo do erário público, porque não faz falta. Graças a Deus.

CS - Mas o acordo entre o senhor e o atual prefeito, bem como o partido da qual ele faz parte, que é o PT, inclui cargos dentro do governo.

JC - Sim, claro. É natural dentro de acordos, de alianças políticas em eleições. Mas ele (Pivetta), caso seja reeleito, terá a liberdade de escolher os nomes dentro do nosso quadro.

CS - O senhor foi oito anos prefeito e depois se lançou como candidato a deputado estadual, sem conseguir se eleger. Se mantiver apoio a Pivetta e não se lançar candidato a prefeito e nem a vereador ficará fora de atuação política direta por oito anos, o que é considerado um tempo elevado e sem exposição à população e na mídia, o que torna-se difícil futuras pretensões eleitorais.

JC - Estou me aposentando. Pendurando as chuteiras (risos). Já dei minha contribuição à cidade como agente público.

CS - Mas o senhor não sofre pressão de integrantes do partido para se lançar candidato ou a sigla ter candidatura própria, já como o senhor mesmo afirma, o PDT é um partido forte em Votorantim? Seria mais uma vez coadjuvante?

JC - Há pressão, lógico, de determinados grupos dentro da sigla. Além de parte da população. Eu fico agradecido de as pessoas reconhecerem meu trabalho. Dentro do partido tem de haver o respeito diante de alianças. Tivemos apoio quando nós éramos governo, agora temos que fazer o mesmo. Isso é democracia.

CS - Se fosse pela vontade, pelo prazer, o senhor voltaria, seria candidato novamente?

JC - Eu voltaria. Iria sim disputar mais uma eleição para prefeito. Meu pai me ensinou uma coisa: lealdade, não se acha na prateleira. E quando você for pensar em fazer alguma coisa, pense bem antes. Agora quando você dá a palavra, tem que cumprir. E essa é a minha determinação de vida. Olha não tem nada que me possa que impedir de ser candidato a prefeito nas próximas eleições. Eu sou presidente de um partido. Não é o caso que aconteceu em Sorocaba, quando teve a disputa pela candidatura dentro de um próprio partido. Nada me impede, a não ser o meu caráter, meu respeito. Eu respeito a aliança.

CS - Qual a análise que o senhor do cenário político em torno das eleições de 2012?

JC - Vai ser polarizada entre Pivetta e o ex-prefeito Erinaldo Alves, que é do PSDB. O resto são cavaleiros sem sela.

CS - Há um grupo de pessoas que eram militantes do PSDB, do grupo ligado ao ex-prefeito Erinaldo Alves, e que deixaram o ninho tucano para se filiar ao seu partido, visando as eleições municipais de 2012. Como fica?

JC - Em nenhum momento eu disse a eles que seria candidato. E eu, novamente, deixei claro na convenção. Afirmei a todos que não serei candidato e nem o nosso partido terá candidatura própria. Eles entenderam, sem qualquer tipo de queixa por parte dessas pessoas.

CS - O senhor tem mantido contatos frequentes com o atual prefeito?

JC - Tenho conversado com ele constantemente. Conservamos por telefone; ele vem aqui em casa e eu vou em sua casa. Ele esteve presente na convenção do meu partido, recentemente.

CS - Então ele procura a orientação do senhor?

JC - Não...não. Ele trabalhou oito anos comigo. E ele teve a porta do meu gabinete aberta da mesma forma eu tenho essa porta aberta. Eu vou lá a hora que eu quero...Eu procuro evitar, porque causa um certo ciúmes...

CS - O senhor já chegou a criticá-lo pessoalmente?

JC - Teve coisas que eu disse sim. Como por exemplo a privatização (do Saae), que ele chama de concessão. Eu não concordo até hoje. Eu não faria isso.

CS - E qual foi a reação dele?

JC - Ele não gostou muito. Ficou irritado. A alegação dele não me convenceu. Eu fui oito anos prefeito, ele vai explicar o que a mim? Estou com a memória fresca ainda. Além disso, sou empresário, tenho visão de mercado.

CS - Qual a principal crítica do senhor em relação à concessão do Saae à iniciativa privada? Por que o senhor acha que não é o modelo adequado?

JC - Fui presidente do Ceriso (Consórcio de Estudo, Recuperação e Desenvolvimento da Bacia do Rio Sorocaba e Médio Tietê), compondo 34 cidades da região. Então, eu sei. Não tem milagre. As melhores cidades que têm esgoto e água tratada são as que possuem autarquia. Ou seja, Saae. Não vi uma (cidade) cujo sistema que seja administrado pela Sabesp ou por empresa terceirizada que tenha funcionado melhor e tenha as melhores tarifas para a população em relação às que possuem autarquias.

CS - Ao longo desse período o senhor já teve algum desentendimento com o prefeito Carlos Augusto Pivetta?

JC - Não... algumas pessoas plantam boatos. Nosso relacionamento é muito bom e constante. Há discordâncias em alguns momentos, mas são normais

CS - Como o senhor avalia a atual administração?

JC - Boa.

CS - Qual a nota que o senhor daria para a atuação do prefeito Carlos Augusto Pivetta?

JC - Oito. Não daria dez, mas não prefiro não comentar os motivos.


CS - O senhor diz que não se apega ao poder, mas acabou revelando que gostaria de disputar as eleições para a Prefeitura mais uma vez, e gora diz que se aposentou da vida pública. O senhor sentirá saudades do poder?

JC - Com certeza. Mas temos momentos ruins e estar no governo é, muitas vezes, deixar de viver. É renunciar a muitas coisas pessoais.

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