quinta-feira, 12 de maio de 2011

Funcionários do Centro Paula Souza iniciam greve amanhã

Notícia publicada na edição de 12/05/2011 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 8 do caderno A

A Escola Técnica de Votorantim também deve aderir


Movimento reivindica recomposição de salários defasados afeta mais de 7 mil estudantes em Sorocaba


Os funcionários do Centro Paula Souza - órgão que administra as Escolas Técnicas Estaduais (Etecs) e as Faculdades de Tecnologia (Fatecs) do Estado de São Paulo - decidiram em assembleia entrar em greve, por tempo indeterminado, a partir de amanhã, dia 13. O motivo principal do descontentamento é a falta de reajuste salarial que, de acordo com os servidores, não acontece desde 2005. As perdas do período, segundo o Sindicato dos Trabalhadores do Centro Paula Souza (Sinteps), chegam a 58% no caso dos professores e 71,4% para pessoal administrativo. A entidade confirma a adesão ao movimento dos funcionários das Escolas Técnicas Fernando Prestes e Rubens de Faria e Souza (Sorocaba) e da Faculdade de Tecnologia de Sorocaba. Já o governo do Estado, a fim de evitar a paralisação, promete anunciar um reajuste para os servidores ainda hoje.

Caso a greve se mantenha, o movimento deve atingir 7.241 alunos matriculados nas unidades de Sorocaba, que provavelmente ficarão sem aulas. A Escola Técnica de Votorantim também deve aderir. Nas duas Etecs e na Fatec, funcionários e a direção confirmaram que a intenção da maioria dos 452 servidores é apoiar o movimento, apesar de não haver nenhuma projeção mais específica da porcentagem de professores e pessoal administrativo que pode cruzar os braços a partir de amanhã. "Eles tiveram o tempo todo para negociar. Não vamos desistir da greve", disse o professor Deoclécio Damasceno, representante do sindicato na Etec Rubens de Faria e Souza, referindo-se à sinalização, por parte do governo paulista, de tentar uma solução para o impasse antes que a paralisação tenha início.

A assessoria de comunicação do Centro Paula Souza informou que o governador Geraldo Alckmin pretende anunciar, em cerimônia na tarde de hoje, não somente o reajuste salarial, mas também um projeto de progressão funcional para beneficiar os funcionários que apresentarem bom desempenho na carreira. Porém, a falta de detalhes fez com que os servidores mantivessem o movimento marcado para esta sexta-feira. "Tivemos apenas um encontro, em 18 de março, quando fomos informados de que não haveria reajuste nem adequação dos planos de carreira", rebate a presidente do Sinteps, Neusa Santana Alves. "Em Sorocaba, cerca de 80% se posicionaram favoráveis nas três unidades", comentou. Ela fez questão de deixar claro que o Centro Paula Souza é vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia e não mais à Secretaria de Educação. "Muita gente pensa que temos reajustes, junto com os professores, mas isso não acontece desde 2005".

O vice-diretor da Fatec Sorocaba, professor Luis Carlos Rosa, disse que considera a reivindicação justa, mas aposta nesta solução antes da greve. "O governo está se mobilizando. Existe um movimento, mas imagino que será calmo, transparente e pacífico". Para José Themer Giovanetti, chefe de seção efetivo na Fatec Sorocaba, a greve chega como resultado de anos de descontentamento. "Não é nada ligado à ideologia, à política. Quando o sindicato esteve aqui quase que a unanimidade dos profissionais demonstrou adesão, pois há um descontentamento", falou.

O Centro Paula Souza possui, em todo o Estado de São Paulo, 50.208 alunos matriculados nas Fatecs e 213.859 nas Etecs. Na cidade de Sorocaba são 1.927 na Etec Rubens de Faria e Souza, 2.307 na Etec Fernando Prestes, 293 alunos na Escola Estadual Professor Octávio Novaes Carvalho, 130 na Escola Estadual Joaquim Izidoro Marinho e 2.584 na Fatec.



Reivindicações


A assembleia que definiu pela realização do movimento aconteceu na última terça-feira e um dos argumentos usados para a decisão foi uma pesquisa, feita em 96 escolas técnicas e faculdades de tecnologia em encontros setoriais, que apontou 60,01% dos trabalhadores ouvidos favoráveis à greve. O movimento começará com um ato público, às 14 horas, em frente ao prédio principal da Fatec na capital, ao lado da estação Tiradentes do metrô, e a organização já informava, na tarde de ontem, a adesão de trabalhadores de 18 Fatecs e de Etecs instaladas em 41 cidades paulistas. O Centro Paula Souza mantém um total de 198 escolas técnicas e 49 faculdades de tecnologia em 155 municípios paulistas.

Numa carta aberta à comunidade, o sindicato aponta que o movimento será realizado "após dois meses sem qualquer resposta do governo às nossas reivindicações salariais". Além do aumento de salário, os funcionários do Centro Paula Souza reivindicam, ainda, a melhoria de benefícios - "poucos trabalhadores têm direito ao vale transporte e muito poucos têm direito ao vale alimentação, cujo valor é R$ 4 por dia" - e o cumprimento da implantação dos serviços de Medicina e Segurança do Trabalho. "Durante todo o ano de 2009 e de 2010, tentamos conversar com o governo, apresentando as reivindicações da categoria e não houve retorno. Com o novo governo, tentamos novamente e não houve nenhuma sinalização de diálogo. A história nos mostra o caminho: nosso último reajuste salarial foi em 2005, em razão dos 80 dias de greve em 2004", finaliza o documento.

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