sábado, 7 de janeiro de 2012

SAAE DE VOTORANTIM - Trabalhadores protestam por atraso de pagamento

Notícia publicada na edição de 07/01/2012 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 005 do caderno A 
Leila Gapy



A paralisação durou três horas e funcionários ameaçam greve - Por: ADIVAL B. PINTO



Mais de cem funcionários do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) de Votorantim paralisaram os serviços ontem pela manhã e prometem um novo movimento para a próxima quinta-feira. A manifestação, que durou cerca de três horas, ocorreu porque a autarquia não pagou todas as horas extras registradas pelos trabalhadores durante o último mês de dezembro. Segundo o Saae, os pagamentos não foram efetivados porque ultrapassaram os 54% de receita da autarquia para gastos com os servidores, conforme determina a Lei de Responsabilidade Fiscal. Um acordo foi firmado entre a empresa o Sindicato dos Servidores Públicos para que o acerto seja feito até quarta-feira que vem, dia 11; caso contrário, os funcionários prometem greve.

Munidos com os holerites, os trabalhadores se reuniram no pátio da empresa, no bairro Rio Acima, e exigiram uma reunião com a diretoria do Saae. A maior parte deles se disse revoltada com a situação. Temerosos com possíveis represálias, os servidores preferiram não se identificar, mas fizeram questão de detalhar que em mais de 30 anos de existência da autarquia nunca houve paralisação dos serviços. "Eles nunca deixaram de pagar nada. Sempre foi tudo certinho. Mas ontem (quinta, dia 5), quando recebemos nossos holerites, tivemos a surpresa. Mais de 60, 100 horas extras, que foram feitas durante o último mês, não foram pagas", pontuou um deles.

Um outro funcionário, que disse trabalhar para a autarquia há mais de 30 anos, destacou que as horas extras são feitas pelos servidores por vários motivos, desde falta de recursos humanos suficiente até para obter melhores salários. "Há mais de 12 anos não tem concurso para o setor operacional do Saae. A cidade cresceu, mas a autarquia ficou esquecida. Temos que nos multiplicar em dois, três. Ficamos mais aqui do que em nossas casas. Sem contar que o governo federal elevou o salário mínimo para R$ 622, quando tem funcionário aqui que recebe R$ 608. Diante de tantos gastos, muitas vezes as horas extras salvam o mês", esbravejou ele.

Segundo o presidente do sindicato, Isael Clareti Soares, um acordo foi firmado entre as partes. "Eles são cerca de 300 profissionais que trabalham na área operacional, operadores de bombas, máquinas e coleta de lixo. A média de horas extras em dezembro é de 60 horas por funcionário. O Saae sempre pagou tudo e justamente no mês de dezembro não cumpriu, sem avisá-los. Muitos contavam com o dinheiro, mas receberam apenas 10 horas, por exemplo", disse ele, que acrescentou ter acordado, junto à direção do Saae, a proposta de acerto das horas extras de dezembro até a quarta-feira, dia 11. "Vamos notificar a Prefeitura, a Câmara e o Fórum na próxima segunda-feira, dia 9, que caso a diretoria não efetue os pagamento, na quinta os funcionários entrarão em greve", afirmou.

A chefe do Administrativo e Financeiro do Saae, Lucilene Bueno Godoy, explicou que por causa da Lei de Responsabilidade Fiscal a autarquia não pode ultrapassar 54% de sua receita com o pagamento dos servidores. Segundo ela, devido aos pagamentos dos 13º salários e a média de horas extras realizadas no decorrer do ano de 2011, o valor total ultrapassaria o percentual máximo de gastos no último mês. "Optamos então por pagar apenas parte destas horas extras. Por essa razão, alcançamos os 53,48%. Nossa intenção era acertar a diferença nos pagamentos de janeiro, já que neste mês não há despesas como os 13º salários", pontuou ela. Mas devido à manifestação dos trabalhadores, ontem, o diretor do departamento de Obras do Saae, Pedro Luiz Judice Moreira, afirmou que a autarquia cumprirá os pagamentos como prevê o acordo firmado com o sindicato. "Mas vamos cumprir o combinado", falou ele. Já Lucilene disse que, para evitar problemas futuros, a autarquia implantará um sistema de controle de horas extras já para este ano. Quanto às demais reclamações dos funcionários, ambos discordaram as afirmações. "Em 2006 realizamos o último concurso para o Saae e sempre que possível estamos investindo. No início do ano passado compramos um caminhão novo e uma retroescavadeira. As horas extras existem mesmo, por conta das escalas habituais, de feriados e finais de semana. Os serviços aqui não param, é 24 horas de plantão", finalizou Moreira. Por volta das 10h30 os funcionários retornaram ao trabalho. Segundo a direção, não houve transtornos à comunidade, apenas atraso de serviços como coleta de lixo.

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