domingo, 17 de fevereiro de 2013

“Não preciso nem de carro”


Gazeta de Votorantim
Benjamim Pesce


 Morador do Centro afirma que resolve as necessidades caminhando


Nelsinho Toledo observa residencias no Centro
Por Benjamim Pesce

O melhor lugar para viver. É assim que Nelson Toledo Filho, 52 anos, define o Centro de Votorantim. Morador da região desde quando nasceu, afirma que não troca o local por nada “Ainda não surgiu nenhuma oportunidade para eu me mudar, mas jamais iria para um condomínio, onde não tem nada perto. Quero ficar por aqui o resto da minha vida. A rua é sossegada, consigo dormir bem. Não tem algazarra. Como tem muitas árvores, consigo ouvir o cantar dos pássaros”.

Próximo de tudo

Professor de matemática na escola Daniel Verano, Nelson conta que vai a pé para o trabalho. “Eu não dirijo. Mesmo se dirigisse, não haveria necessidade de usar um carro, já que moro a cinco minutos da escola e quando preciso fazer algo, faço caminhando. Estou próximo de tudo. Sempre foi assim. No meu outro emprego, quando trabalhava no banco, ia a pé”.

Mudança radical

Segundo o morador, a expansão do Centro aconteceu muito rapidamente, o que causou um susto em quem mora nas proximidades. “O Centro se desenvolveu rápido demais desde o começo deste século. Os comércios não estão apenas na Avenida 31 de Março, invadiram as ruas perpendiculares. Isto causou transtornos para nós, já que deixamos de pagar IPTU residencial e passamos a pagar comercial. Isso se deve ao fato de quase não haver mais moradores, já que quando algum morre, os herdeiros acabam vendendo o imóvel para alguém que queira montar uma loja”.

Algumas necessidades

Nelson acredita que por mais que tenha ampliado, o Centro continua deficitário em algumas áreas. “Não há uma padaria de alto padrão na Avenida 31 de Março. As melhores estão nos bairros. Também não existe nenhum restaurante que atenda a noite. Não há vida noturna. Gostaria também que a atual administração cuidasse mais da beleza no Centro, que está abandonado. O rio precisa ser limpo. As margens precisam ser capinadas. A cidade não está bonita”.

Boas e más lembranças

Morar no Centro desde que nasceu rendeu algumas histórias para o morador. “Da infância, lembro de ir brincar com os amigos no Icatu e no jardim Paraíso. Lá tinha muitas pedreiras e era tranquilo demais. Só que eles casaram e se mudaram de cidade. Não ficou ninguém por aqui. Recordo que a festa junina era na Praça de Eventos, mesmo com ela sendo de terra. Trabalhava de garçom e ajudava nos restaurantes beneficentes. Sempre foi divertido e unia as pessoas. Um fato que não gosto de rememorar foi a enchente de 1982. Eu estava indo para Sorocaba, esperando um ônibus, quando começou a enchente. Metade da 31 de Março ficou alagada. Várias pessoas morreram. Graças a Deus minha casa não foi atingida por estar na parte alta do bairro”.

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