terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Coletivo Cê é finalista do Prêmio CPT 2013



Jornal Cruzeiro do Sul
Felipe Shikama
 
Peça "Desmedida" do grupo votorantinense concorre na categoria "Trabalho apresentado no interior e litoral paulista" 


Espetáculo foi realizado ao ar livre no bairro da Chave - DIVULGAÇÃO / TATI PLENS

O espetáculo Desmedida, do Coletivo Cê de Votorantim, está entre os finalistas do prêmio da Cooperativa Paulista de Teatro (CPT) 2013. A lista dos artistas ou grupos indicados ao prêmio, por trabalhos apresentados no segundo semestre do ano passado, foi divulgada na última sexta-feira, dia 31. A data para entrega do prêmio ainda não foi definida.

O trabalho do grupo votorantinese disputa o prêmio com outros cinco indicados na categoria "Trabalho apresentado no interior e litoral paulista: em sala convencional, rua ou espaço não convencional". Nessa mesma categoria estão dois finalistas de Sorocaba: o grupo Trança de Teatro com o espetáculo No voo do instante e o palhaço Fusquinha de Porta Aberta com a montagem Ôtôvinu, ambos indicados por trabalhos do primeiro semestre de 2013. Completam a lista de indicados as peças O velório, do Grupo Teatro da Neura (Suzano), e Notícias para embrulhar peixe, do Circo Navegador (São Sebastião).

Diretor de Desmedida, Júlio Melo considera a indicação da peça um importante reconhecimento pelo trabalho que resgata a história do bairro da Chave e de seus moradores, começando no período da industrialização no local. Entretanto, ele faz crítica ao modelo do prêmio que põe em categorias diferentes espetáculos do interior e da capital. "É uma conquista concorrer ao prêmio, mas não é o suficiente. O nosso objetivo é disputar a qualidade com as peças da capital. Eu acho que essa fronteira, que separa São Paulo e interior, não deveria existir", comenta.

A montagem de Desmedida narra a formação de uma sociedade em dois atos. O primeiro com a chegada dos imigrantes até o ano de 1982, quando uma enchente atingiu o bairro, levando vidas e memórias dos moradores. No segundo, é retratada a saída da fábrica Votorantim do bairro e as mudanças que ocorreram até o momento atual.

Melo acrescenta que antes mesmo da indicação ao prêmio, o Coletivo Cê já planejava reapresentar o espetáculo Desmedida no segundo semestre deste ano. "O processo de criação do espetáculo durou dois anos e ele ficou três meses em cartaz. É um tempo curto que achamos injusto. Então, já estávamos com a ideia de fazer uma nova temporada", comenta.

Ator de Desmedida, Hércules Soares destaca que o espetáculo realizado ao ar livre no bairro da Chave necessita de grande estrutura, já que elenco e público chegam a caminhar um quilômetro de distância, saindo da sede do grupo até chegar à Cachoeira da Chave. "O espetáculo foi construído lá [no bairro da Chave], com visitas às casas dos moradores e a partir da história do bairro. O assunto que a gente trata é a industrialização, a formação do bairro", afirma.

Apesar de ser uma peça essencialmente sobre a história do bairro vororantinense, Soares detalha que o Coletivo Cê também pretende levar o espetáculo para fora de Votorantim. "A gente também pensa em circular com essa peça, mas a dificuldade é estrutural, porque envolve muita produção e muita gente", complementa.

Ainda sem saberem a data de entrega do prêmio, os integrantes do Coletivo Cê agora se dedicam em um novo projeto, que é o desdobramento da pesquisa iniciada em Desmedida. Com nome provisório de Cunhã-antã (mulher guerreira em tupi), o projeto, que tem incentivo do Programa de Ação Cultural de São Paulo (Proac), se debruça no papel da mulher operária. "Esse projeto nasceu da nossa inquietação diante do papel feminino na sociedade e da necessidade de falarmos sobre as mulheres nas relações do trabalho", detalha Soares, que é diretor do novo projeto.

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