Sem diesel, ônibus podem parar nesta sexta

Jornal Cruzeiro do Sul
Regina Helena Santos

Filas para abastecer em postos foram a tônica da tarde e noite de ontem. Com isso, alguns ficaram sem combustível - ERICK PINHEIRO

Se não houver a normalização de abastecimento de óleo diesel nas garagens dos ônibus urbanos de Sorocaba, a cidade corre o risco de amanhecer, nesta sexta-feira (25), sem transporte público. O alerta foi feito pela Urbes - Trânsito e Transportes -- após a empresa pública ter sido avisada pelas concessionárias Consórcio Sorocaba (Consor) e Sorocaba Transportes Urbanos (STU) -- e diz que se o combustível não chegar hoje, o sistema, incluindo o transporte especial, será paralisado totalmente a partir da meia-noite. Os postos de Sorocaba também não estão recebendo combustível, o que provocou uma corrida e grandes filas de consumidores que tentavam se adiantar a uma possível falta do produto. Alguns postos inclusive ficaram sem combustível. 

A ausência da chegada de combustível e uma série de outros produtos à cidade acontece em razão da manifestação dos caminhoneiros, em 22 Estados do País, que já entra em seu quarto dia. Nesta quarta-feira (23), ônibus da Consor chegaram a ser flagrados abastecendo num posto da avenida Nogueira Padilha. Em Votorantim, o Grupo São João também sinalizou que, desde às 19h, na cidade e nas linhas intermunicipais, os ônibus circulam num esquema emergencial em razão da escassez de combustível nas garagens. Segundo a empresa, algumas linhas e horários estão operando com racionamento dos carros. "A princípio a empresa planeja priorizar o atendimento nos horários de pico (das 6h às 8h30 e das 16h30 às 19h) e também a oferta de veículos nos principais corredores que ligam o Centro aos bairros. O objetivo é atender ao maior número de pessoas possível", diz o comunicado. Deve haver um intervalo maior entre as viagens nos horários de menor movimento. "Este esquema emergencial de contingenciamento é a única maneira de manter o serviço, mesmo que reduzido, do que interromper totalmente já que estamos tratando de um serviço público essencial", diz a empresa. 

Postos lotados 

Os consumidores lotaram os postos de Sorocaba para abastecer seus veículos, numa tentativa de garantir combustível para os próximos dias. Com a grande procura, alguns estabelecimentos começaram a ficar sem estoque e as enormes filas passaram a ocupar as ruas e avenidas da cidade. 

Segundo o presidente do Sindicato dos Postos de Combustíveis de Sorocaba (Sincopetro), Jorge Marques, não está havendo entrega de combustível pelas refinarias. Ele diz que os 150 postos instalados na cidade costumam trabalhar com um volume de etanol, gasolina e óleo diesel suficiente para cerca de cinco dias. "Estão todos trabalhando com os estoques e neste momento, como são muitos, se o consumidor não encontrar em um, acabará encontrando em outro", afirma. Porém, se a paralisação dos caminhoneiros permanecer até o final da semana, a cidade começa a correr o risco de enfrentar desabastecimento -- inclusive pela alta demanda. O setor não cogita alta de preços, diz Marques, mesmo com o aumento da procura pelo produto. "Não tem nenhum motivo para haver reajuste. Isso seria antiético." 

Num posto instalado no Alto da Boa Vista, o início da noite foi de grandes filas, que desciam pela avenida Engenheiro Carlos Reinaldo Mendes. Segundo o gerente o estabelecimento, chegou combustível na madrugada, mas não era possível prever quando os caminhões-tanque conseguiriam descarregar novamente. "Sou construtor. Preciso do carro para trabalhar e cumprir os prazos de contrato", comentou José Gomes, de 42 anos, que além de encher o tanque do veículo resolveu garantir mais dois galões de combustível. "Dá para trabalhar até o fim da semana. A mobilização [dos caminhoneiros] é justa, mas eles deveriam deixar passar uma coisa, para não deixar todo mundo na mão." O taxista Carlos César, de 56 anos, que também depende do carro para o trabalho, esperou por meia hora na fila para encher o tanque. "Dá para três dias."